sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Manifesto "Pela Floresta contra a Crise" entregue à ministra da Agricultura

Assinado por diversos professores universitários, engenheiros
florestais e por Jorge Sampaio, o manifesto apela à valorização e
gestão ativa dos recursos florestais.
Ana C. Oliveira (www.expresso.pt)
17:00 Sexta feira, 16 de setembro de 2011
O manifesto defende que a floresta é um recurso natural que pode
contribuir para o desenvolvimento económico numa época de crise
Domingos Xavier/Flickr
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O manifesto "Pela Floresta contra a Crise", entregue esta manhã à
ministra da Agricultura, apela a uma melhor gestão do território
florestal e à implementação de medidas que resolvam os problemas que
estão na base da degradação da floresta portuguesa.

A iniciativa é dirigida ao governo, ao parlamento e às autarquias, a
quem é pedida a introdução de políticas públicas e de práticas de
gestão sustentável nos territórios de floresta, citados no documento
como tendo um "papel estruturante, quer no plano territorial, quer
económico, ambiental e social".
Assinado por diversos professores universitários, engenheiros
florestais e dirigentes de associações florestais, o manifesto
apresenta os territórios florestais como um recurso natural que pode
ser explorado e aproveitado de forma a potenciar o desenvolvimento
económico numa época de crise.
Mais do que críticas, soluções concretas
Vítor Louro, antigo secretário de estado da Estruturação Agrária e um
dos dinamizadores do manifesto, afirma que existem três vetores
essenciais a ter em conta para um melhor aproveitamento da terra
enquanto recurso natural.
"O associativismo, que tem tido incentivos mas, infelizmente, não se
desenvolve, porque não há tradição associativista em Portugal". Também
o desbloqueamento das ZIF (Zonas de Intervenção Florestal), que visam
resolver bloqueios associados à estrutura da propriedade privada,
nomeadamente nas regiões de minifúndio, e que são muitas vezes
"bloqueadas" e "não vendem os seus produtos". O terceiro vetor será a
aposta numa reforma fiscal.
Segundo o documento, a reforma fiscal deverá ser "coerente",
penalizando situações de mau aproveitamento ou desperdício de recursos
e estimulando a gestão ativa dos mesmos, ao premiar quem assegura a
perpetuidade das receitas.
Outras medidas, como uma restruturação fundiária e estímulos à
mobilização dos proprietários através do apoio técnico e profissional
para gestão e venda agregada dos seus produtos (através do
associativismo), são também propostas no manifesto.
Reagir às consequências não chega
O manifesto "Pela Floresta contra a Crise" sugere que o país deverá
consumir menos produtos importados e criar mais riqueza potenciando os
recursos nacionais como o mar, a agricultura, a floresta, o património
cultural e o turismo.
No que respeita à floresta, problemas como a degradação da qualidade e
quantidade do material lenhoso, o abandono dos espaços florestais e o
impacto dos fogos têm impedido o máximo aproveitamento deste recurso,
apesar dos esforços em contrário.
Para Vítor Louro, um dos maiores problemas que provocou alterações nos
territórios florestais e rurais, nos últimos 30 anos, é o
despovoamento e todas as consequências associadas ao mesmo. "Acarreta
o abandono da agricultura e há uma ocupação dos terrenos anteriormente
agricultados por mato e por floresta".
Também os incêndios são encarados como uma das maiores ameaças aos
territórios florestais. Neste ponto, o manifesto defende que o país
tem apostado numa estratégia de combate ao fogo, mas deveria ser dada
mais atenção a estratégias preventivas e a uma melhor gestão. "Somente
parece ter havido capacidade de reagir aos problemas, atacando não as
suas causas, mas as consequências" refere o documento.
http://aeiou.expresso.pt/manifesto-pela-floresta-contra-a-crise-entregue-a-ministra-da-agricultura=f673653#ixzz1Y9McPDgV

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