15 de setembro de 2011, 07:45
Mais de metade da água "virtual" consumida em Portugal tem origem em
Espanha e o setor agrícola tem um "forte peso" na pegada hídrica
portuguesa, concluiu um estudo da organização internacional de
conservação da natureza WWF.
No seu relatório "Pegada Hídrica em Portugal - Uma análise da pegada
de consumo externa" hoje divulgado, a WWF aponta para "o forte peso do
setor agrícola, e para a elevada dependência externa, com mais de
metade da água virtual consumida em Portugal a ter origem noutros
países".
Apesar disso, o país apresenta "um saldo positivo, exportando um
volume de água virtual ligeiramente superior àquele que importa".
É proposto que Portugal assuma a pegada hídrica como medida dos
impactos da atividade humana na água, e que a integre nos sistemas de
planificação e gestão, promova políticas a garantir uma utilização
sustentável da água, além de ser aconselhado o condicionamento da
ajuda económica externa à avaliação positiva do uso da água nos países
recetores.
As empresas devem incorporar a redução da pegada hídrica na estratégia
de sustentabilidade e responsabilidade social, e na agricultura, a WWF
aponta a modernização dos sistemas de rega e a redução das perdas nas
redes de captação e distribuição.
Os portugueses recebem o conselho de utilizar racionalmente a água, de
reutilizar, e da instalação de equipamentos mais eficientes, além da
redução do consumo de produtos com pegada mais elevada, como a carne.
A WWF detetou a falta de uma iniciativa regional mediterrânica para
promover a produção sustentável de azeite, com base na redução da
pegada hídrica e dos impactos ambientais dos olivais, tendo Portugal e
Espanha "condições privilegiadas para assumir em conjunto as suas
responsabilidades internacionais de redução da pegada hídrica".
A associação realça o elevado peso do algodão, dos produtos pecuários
e da soja na contabilização do consumo de água, sendo os que mais
contribuem para a pegada hídrica portuguesa, devido ao volume total de
água importada, incluindo a "integrada" nos produtos ou no processo
produtivo.
Ao contrário, as produções de uva e de azeitona, principalmente para
transformação em vinho e azeite, são "das poucas" que apresentam um
excedente na balança de água virtual.
Para o conjunto dos produtos resultantes da atividade pecuária, "o
comércio de água virtual de Portugal está fortemente concentrado em
Espanha, com 61 por cento do total de importações, e 56 por cento das
exportações", segundo as conclusões do estudo.
A produção bovina "é claramente aquela de que Portugal mais depende,
sendo também a mais poluidora e que mais água consome: para produzir
um quilo de carne de vaca são em média necessários 3.682 litros de
água".
Já a produção de azeitona para azeite "é uma das poucas" cujo comércio
externo representa um 'superavit' de água virtual para Portugal, e as
importações concentram-se em Espanha, sobretudo azeitona a granel
depois é associada à produção nacional, exportada para países como
Brasil e EUA.
@Lusa
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.*
http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1185991.html
Sem comentários:
Enviar um comentário