segunda-feira, 12 de março de 2012

CAP pede ao Governo linhas de crédito para fazer face aos prejuízos

Lusa
12 Mar, 2012, 18:20

O presidente da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP)
defendeu hoje em Torres Vedras a abertura de linhas de crédito a juros
bonificados às quais os agricultores possam recorrer de imediato para
fazer face aos prejuízos da seca.
"O problema resolve-se com a disponibilização de verbas. Tem de haver
linhas de crédito com juros bonificados e outro tipo de mecanismos
financeiros para os agricultores lá irem buscar dinheiro amanhã e não
em outubro", afirmou João Machado.

Para o dirigente, a antecipação dos pagamentos de fundos comunitários
do final do ano para outubro, pedida a Bruxelas pelo Governo, "não
resolve o problema".

O presidente da CAP adiantou que "as culturas de outono/inverno",
nomeadamente 200 mil hectares de cereais de sequeiro, e a produção de
citrinos "estão destruídas".

Outro dos problemas é a alimentação dos animais, uma vez que,
explicou, "nesta altura os agricultores costumam estar a alimentar os
animais nos prados e já estão a gastar os stocks de rações que tinham
para o verão".

Para João Machado, "não existem reservas de água para regar na
primavera e no verão e, se não chover, setores como a fruticultura, a
horticultura, a vinha e os pomares estão em causa".

Outra das consequências é o eventual aumento dos produtos,
nomeadamente do leite, com o aumento dos custos de produção que,
alertou, poderá agravar as dificuldades financeiras dos produtores e
"levar à falência".

O dirigente relembrou que o problema da falta de cobertura de
calamidades nos seguros agrícolas se mantém, dois anos após uma
comissão ter concluído uma proposta de alteração do sistema de
seguros. Esta solução seria, segundo a CAP, a resolução para situações
de calamidade numa altura em que falta dinheiro ao Governo para ajudar
os agricultores.

Essa comissão "produziu um relatório e com esse relatório pode-se
rever o sistema de seguros, mas o Governo limitou-se a fazer uma
revisão minimalista que deixou de fora a seca e outras calamidades",
explicou.

João Machado afirmou que "não se trata de falta de vontade política",
mas sim um problema financeiro.

"Calculamos que a dívida do Estado às seguradoras seja na ordem dos 80
milhões de euros, logo criar um novo sistema de seguros custaria 80
milhões de euros e o Estado não tem esse dinheiro", explicou.

O presidente da CAP falava aos jornalistas à margem de uma sessão de
apresentação da nova Polícia Agrícola Comum para 2014 a cerca de uma
centena de agricultores da zona de Torres Vedras.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=535015&tm=6&layout=121&visual=49

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