MARGARIDA MADALENO 21/03/2013 - 10:52
Apesar dos estudos que descredibilizam a utilização de biocombustíveis
de primeira geração, o Governo português é acusado pelos
ambientalistas de se opôr a uma nova directiva europeia que tenta
reduzir o seu uso.
O Conselho de Ministros de Ambiente da União Europeia está nesta
quinta-feira a debater uma nova directiva que pretende reduzir o uso
de biocombustíveis de primeira geração, baixando a percentagem destes
no total de combustíveis utilizados pelos condutores de 10 para 5%.
Tudo porque esta alternativa pode ter um importante contributo para as
alterações climáticas. Mas o governo português está contra, acusa a
Liga para a Protecção da Natureza. O ministério diz que os
combustíveis de segunda geração ainda estão longe.
Neste momento, de acordo com a directiva das Energias Renováveis,
cerca de 10% dos combustíveis usados na frota europeia são
biocombustíveis. A nova directiva tenciona mudar este número para 5%.
Segundo a Comissão, isto impulsionará o desenvolvimento de
biocombustíveis de segunda geração – biocombustíveis que são feitos à
base de desperdícios ou palha em vez de produtos alimentares como
colza ou milho.
De acordo com estudos feitos sobre esta alterantiva aos combustíveis
fósseis, os biocombustíveis tradicionais chegam a produzir mais gases
com efeitos de estufa do que a gasolina ou o gasóleo. Isto acontece
porque os biocombustíveis requerem muita energia para serem
produzidos. Para além disso, ao utilizarem culturas alimentares para
serem feitos, obrigam a mudanças no uso do solo, o que liberta mais
gases nefastos para o ambiente.
Por estas razões, a Comissão tenciona limitar a criação de
biocombustíveis tradicionais, dando ênfase à investigação sobre os
biocombustíveis de segunda geração.
Contudo, de acordo com um comunicado da Liga Para a Protecção da
Natureza, o governo português tem-se oposto à nova directiva – "os
ministros da Energia reuniram-se no passado dia 22 de Fevereiro e a
posição do Governo Português consistiu na rejeição dos factos
científicos e a insistência numa tecnologia que mais emissões de
carbono do que os próprios combustíveis fósseis". Juntamente com o
Governo Português, Espanha, Itália e Grécia também rejeitam a posição
da Comissão.
Quanto às razões que levaram o Governo a se opor à nova directiva, a
Liga Para a Protecção da Natureza explicita, "estes governos que se
opõem às restrições aos biocombustíveis utilizam a desculpa do
desconhecimento dos estudos e falta de certezas dos mesmos, mas foi a
própria Comissão Europeia que avançou com as propostas com base nos
estudos que confirmam o carácter destrutivo das práticas que têm
produzido os biocombustíveis".
Já o ministério defende-se, afirmando que "uma das preocupações de
Portugal decorre do facto de os biocombustíveis avançados se
encontrarem ainda em fase de demonstração tecnológica e, como tal,
longe de atingirem a maturidade comercial necessária para se tornarem
competitivos face aos biocombustíveis convencionais".
http://www.publico.pt/economia/noticia/governo-rejeitara-nova-directiva-europeia-sobre-os-biocombustiveis-1588585
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