Amanhã haverá uma reunião do Conselho do Ambiente da União Europeia,
em que se discutirão os biocombustíveis. Os ministros da Energia
reuniram-se no passado dia 22 de Fevereiro e a posição do Governo
Português consistiu na rejeição dos factos científicos e a insistência
numa tecnologia que emite mais emissões de carbono do que os próprios
combustíveis fósseis. Num rumo crescente de insustentabilidade é
necessário que os nossos governantes parem de promover a destruição
dos recursos naturais na Europa e no país.
Perante as evidências científicas de que muitos biocombustíveis de
facto poluem mais que os próprios combustíveis fósseis, contribuindo
para uma alteração massiva da utilização dos solos agrícolas e
florestais, para a desflorestação, a degradação dos solos e a redução
da matéria orgânica, a escolha de muitos governos europeus, entre os
quais o português, é olhar para o outro lado e insistir em práticas
nocivas no apoio à indústria subsidio-dependente dos biocombustíveis.
A posição da Comissão Europeia perante estes factos é fraca, pedindo
que se limite o biodiesel e o bioetanol a 5% do total dos combustíveis
utilizados para os transportes, que se utilizem crescentemente
resíduos e não culturas para produzir biocombustíves e que se
introduzam os factores ILUC (alterações indirectas do uso de solos)
para se poderem contabilizar as verdadeiras emissões de carbono
associadas aos biocombustíveis. Mas mesmo esta posição é rejeitada de
forma irresponsável por vários países, entre eles Portugal, Espanha,
Itália e Grécia. Os governantes da Europa, de forma insustentável,
insistem em estratégias falhadas e destrutivas, sendo este mais um
exemplo desta realidade .
O objectivo anterior, presente na Directiva das Energias Renováveis,
de incorporar 10% de energias renováveis no sector dos transportes até
2020 não tinha em conta os estudos concludentes de que a utilização
dos biocombustíveis, quando tem em conta as suas verdadeiras emissões,
aumenta as emissões e tem impactos severos na segurança alimentar e na
utilização dos solos.
Estes governos que se opõem às restrições aos biocombustíveis utilizam
a desculpa do desconhecimento dos estudos e falta de certezas dos
mesmos, mas foi a própria Comissão Europeia que avançou com as
propostas com base nos estudos que confirmam o carácter destrutivo das
práticas que têm produzido os biocombustíveis.
Numa altura em que muito se fala em Portugal sobre desenvolvimento do
potencial agrícola, com a utilização de más práticas e a insistência
em irrigação sem qualidade, a posição do governo perante mais este
tema revela a insistência no curto-prazo e na insustentabilidade para
as gerações futuras como guias das políticas do ministério, que
comprometem o potencial ambiental, florestal e agrícola, a segurança
alimentar e a diversidade biológica do país.
Lisboa, 20 de Março de 2013
A Direcção Nacional da LIGA PARA A PROTECÇÃO DA NATUREZA
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/03/20h.htm
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