sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

"Carne de cavalo contaminada é um risco menor para a saúde humana"

Bastonária dos médicos veterinários garante que ingestão de carne de
cavalo contaminada com o anti-inflamatório fenilbutazona significa
risco "menor" para a saúde dos humanos.
Carlos Abreu
23:30 Quinta feira, 14 de fevereiro de 2013

Não há razões para alarme. Ainda que esteja contaminada com resíduos
de um anti-inflamatório muito usado nos cavalos, a fenilbutazona, o
risco para a saúde dos humanos que comam desta carne é "menor". Quem o
garante é a bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários, que em
entrevista ao Expresso, assegura que esta substância é tóxica mas não
provoca cancro.

"A presença de resíduos de fenilbutazona na carne de cavalo, só por
si, não tem de ser uma coisa má. Estamos preocupados porque é tóxico e
pode causar, por exemplo, problemas gastrointestinais, como úlceras,
mas não é carcinogénico como os nitrofuranos [drogas tipicamente
usadas como antibióticos e antimicrobianos]", explicou Laurentina
Pedroso.

Segundo a bastonária, que se doutorou em segurança alimentar e saúde
pública veterinária, a fenilbutazona é muito usada nos animais - "é um
produto de eleição para tirar a dor" - e pontualmente na medicina
humana em pessoas com artrite reumatoide ou gota.

Laurentina Pedroso assegura ainda que "só a ingestão em grandes
quantidades de carne de cavalo com estes resíduos poderiam desencadear
uma úlcera". Uma situação extremamente improvável em Portugal, onde as
estatísticas indicam um consumo anual per capita (por pessoa) inferior
a um quilo.

"A União Europeia não definiu qualquer tipo de limite - nem mínimo,
nem máximo - para os resíduos de fenilbutazona na carne de cavalo
porque o seu consumo é diminuto, já que se tratam de animais de
companhia, lazer ou desporto", explica a bastonária, que é também
professora de segurança alimentar. Em Portugal, por exemplo, no ano
passado foram abatidos 2750 cavalos contra mais de 400 mil bovinos.

Ora, não havendo limites definidos, prossegue Laurentina Pedroso,
"isso quer dizer que não deve lá estar, mas quando é detetado algum
resíduo de fenilbutazona [tal como foi noticiado hoje na Grã-Bretanha]
isso também não significa um risco para a saúde humana".

A bastonária dos veterinários aconselha os consumidores portugueses a
terem "confiança" e a "consumir produtos portugueses" até porque no
nosso país "a indústria alimentar não tem necessidade de recorrer a
este tipo de matérias-primas".


http://expresso.sapo.pt/carne-de-cavalo-contaminada-e-um-risco-menor-para-a-saude-humana=f787284

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