sábado, 16 de fevereiro de 2013

UE aprova plano para despistar carne de cavalo nos alimentos

CLARA BARATA 15/02/2013 - 17:30
Durante um mês vão ser testados produtos à venda em todos os países da
União Europeia. Questão continua ser tratada como fraude e não
problema de saúde pública.


Lasanha congelada sob análise num laboratório suíço PASCAL LAUENER/REUTERS

A União Europeia aprovou um plano para despistar a presença de carne
de cavalo não-declarada misturada em alimentos transformados que estão
a surgir por toda a Europa. Os testes vão começar já, e os resultados
serão apresentados oficialmente a 15 de Abril.

As descobertas de lasanhas de carne de vaca que afinal têm cavalo na
Noruega, ou os tortelloni com recheio de carne de cavalo na Áustria e
histórias sobre empadas nas refeições escolares no Reino Unido e os
hambúrgueres com ADN equino em hospitais na Irlanda do Norte
sucedem-se nos media, como uma avalanche. A crise não é propriamente
de saúde pública, mas antes a revelação de uma fraude que nos mostra o
intricado funcionamento da indústria agro-alimentar europeia, e as
possibilidades de fraude, dizem os especialistas.

A proposta do comissário europeu da Saúde e do Consumo Tonio Borg
aprovada pelo Comité da Cadeia Alimentar e Saúde Animal nesta
sexta-feira prevê que sejam testados entre 10 e 150 produtos em cada
Estado-membro (os testes são comparticipados em 75% pela UE e, no
total, devem ser analisadas, pelo menos, 2250 amostras). Estes
produtos serão alimentos que se compram no supermercado – congelados,
refeições prontas, o tipo de alimentos que têm estado a surgir
contaminados com carne de cavalo.

Segundo a direcção francesa antifraudes, pelo menos 550 toneladas de
um lote de 750 toneladas de carne de cavalo importadas da Roménia
foram usadas para fabricar mais de 4,5 milhões de refeições
congeladas, sem que fosse identificada a espécie de animal usada na
sua confecção, e terão sido vendidas em pelo menos 13 países europeus.
A empresa francesa Spanghero foi acusada de fraude pelo Governo de
Paris e a Europol foi chamada a investigar.

As regras em vigor na UE estipulam que, quando se compra um alimento
transformado, como lasanha pré-cozinhada, por exemplo, deve ser
listada a composição das espécies animais usadas na sua composição. Se
contém carne de cavalo e não está mencionado, mesmo que a carne seja
boa, há crime económico – é isso o que tem estado em causa neste
escândalo, e não propriamente uma questão de saúde pública.

Os testes vão também despistar a presença, na carne de cavalo, de um
medicamento veterinário, denominado fenilbutazona, que foi detectado
no Reino Unido nas carcaças de alguns cavalos que entraram na cadeia
alimentar. Os riscos são reduzidos – seria preciso comer 500 a 600
hambúrgueres por dia com 100% de carne de cavalo para se aproximar da
dose de risco, sublinham os responsáveis pela saúde pública –, mas é
um perigo potencial.

O Reino Unido apresentou também ontem resultados de uma campanha
nacional de testes a produtos de carne picada congelados. Dos 2501
itens testados, 29 tinham carne de cavalo – mas resumiam-se a sete
produtos concretos, congelados baratos vendidos em supermercados, e
todos tinham já sido detectados.


http://www.publico.pt/mundo/noticia/ue-aprova-plano-para-despistar-carne-de-cavalo-nos-alimentos-1584621

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