segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Barragem de Veiros deita fora milhares de metros cúbicos de água por dia

MARIA ANTÓNIA ZACARIAS 08/02/2013 - 00:00

A nova barragem do concelho de Estremoz deverá irrigar 1174 hectares a
partir de 2015 ADRIANO MIRANDA

Atraso dos serviços do Ministério da Agricultura está a impedir que as
comportas da nova barragem sejam encerradas

A recém-construída barragem de Veiros, no concelho de Estremoz, está a
desperdiçar milhares de metros cúbicos de água por dia. A fiscalização
por parte da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo
peca por tardar, o que leva a Associação de Beneficiários do Perímetro
de Rega de Veiros a recear que o regadio, previsto para 2015, se
inicie logo com muitas dificuldades em cobrir toda a área beneficiada.

José Nuno Pereira, vice-presidente da associação, critica o facto de a
barragem "estar a despejar desde os finais de Outubro do ano passado
até hoje, em vez de estar a encher". O problema, refere o empresário
agrícola, está no atraso das acções de fiscalização a que a barragem
tem de ser submetida ao longo das várias fases de enchimento.

"Se a fiscalização fosse mais célere, já poderíamos estar a aproveitar
a água e, assim, está a ser mandada para a ribeira de Ana Loura, que
segue o seu curso até ao rio Tejo e que vai desaguar no mar",
sustenta.

O dirigente associativo diz não entender as razões do atraso da
vistoria do Ministério da Agricultura, alegando já terem sido
efectuados testes à barragem que "revelaram que está tudo a funcionar
bem". Os dispositivos da barragem, acrescenta, descarregam em
condições e estão a trabalhar devidamente.

Deste modo, e depois de ter realizado vários contactos com a Direcção
Regional, a associação continua a reclamar a maior urgência para que
as comportas possam ser encerradas. "Se o regadio está previsto para
2015, e se em 2013 vamos continuar a descarregar água, isto começa a
comprometer o enchimento da albufeira para que em 2015 possa estar a
regar em pleno", adverte o responsável da associação de beneficiários.

José Nuno Pereira assevera que a rentabilização da infra-estrutura
está a ser posta em causa porque, neste momento, "a barragem já podia
ter atingido metade da sua capacidade". O projecto prevê que Veiros
tenha uma capacidade total para 17 milhões de metros cúbicos que
poderão regar 1174 hectares explorados por meia centena de
agricultores.

O dirigente associativo sublinha que esta barragem representa uma
grande mais-valia para o Alentejo, e mais precisamente para o concelho
de Estremoz, sobretudo para as empresas agrícolas que podem ser
capazes de criar riqueza com esta nova valência do regadio. "A
agricultura é um sector que demora cerca de dez anos a ser competitivo
no mercado e se andamos sempre a mudar de políticas agrícolas nunca
nos deixam atingir o objectivo que é o da produção nacional e da
exportação", salienta, acrescentando: "Esta infra-estrutura também
poderá servir de reserva estratégica de água no caso de ser necessário
abastecer a população do concelho."

O projecto da barragem de Veiros já vem do tempo do Estado Novo,
embora haja quem diga que é ainda mais antigo, do início do século
XIX. Certo é que esteve décadas adiado e após muitas reivindicações
por parte das populações e do poder local foi finalmente edificado.

O vice-presidente da Associação de Beneficiários do Perímetro de Rega
de Veiros diz estar já habituado a entraves, estando, agora, perante
um outro que tem que ver com a autorização da ministra da Agricultura,
Assunção Cristas, para o início das obras de infra-estrutura do
terreno adjacente à barragem. "Estamos à espera para podermos avançar
com as obras da rede de rega, com os caminhos e com a construção da
estação elevatória porque está tudo já aprovado e adjudicado", garante
o dirigente associativo.

http://www.publico.pt/local-lisboa/jornal/barragem-de-veiros-deita-fora-milhares-de-metros-cubicos-de-agua-por-dia-26030440

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