quarta-feira, 15 de junho de 2011

550 toneladas de alheira para o País

Fumeiro: Negócio rende 2,6 milhões de euros por ano
A produção da alheira de Mirandela é tão intensa que é suficiente para
abastecer o mercado nacional. Em breve, essa intensidade vai aumentar,
uma vez que o enchido com aquele nome vai ser única e exclusivamente
produzido no concelho transmontano.
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Por:Ana Sofia Coelho/S.C./A.M.S.

A protecção dos enchidos tradicionais também se verifica em
Montalegre, onde o negócio do fumeiro gera vários postos de emprego, e
em Barrancos, no Alentejo, onde as vendas do presunto aumentaram 10%,
apesar da concorrência espanhola (ver caixas).

Por ano são vendidas, em média, 550 toneladas de alheira certificada
de Mirandela, o que representa 2,65 milhões de euros. Apesar do
reconhecimento da marca a nível nacional, o objectivo é restringir a
produção da alheira ao concelho. A novidade foi avançada pelo
presidente da Entidade Gestora da Alheira de Mirandela. "Vamos passar
de ETG [Especialidade Tradicional Garantida] para IGP [Indicação
Geográfica Protegida]. Dentro de alguns dias só pode ser produzida no
concelho de Mirandela", disse Jorge Morais ao CM.
A intenção de passar de ETG, ou seja de um produto feito de forma
tradicional, para IGP, onde é associada uma região à qualidade do
produto, é proteger os produtores e distribuidores locais. O negócio
da alheira emprega 400 pessoas, sendo que 150 são comerciantes nas
lojas de produtos regionais que existem na principal rua de Mirandela.
"Nas épocas normais vendemos 400 quilos por semana. Na festa da
amendoeira em flor e no Verão vendemos mais. Só em Agosto, porque com
os emigrantes a população duplica, chegam a ser 5 mil quilos",
descreve Adérito Gomes, proprietário da loja Tradimontana Fumeiros.
FUMEIRO DE MONTALEGRE
Em Montalegre, o fumeiro é coisa séria. A actividade é responsável
pela maior parte do rendimento de mais de duas centenas de famílias,
metade das quais submetem-se aos critérios de certificação e têm
direito a expor e vender na famosa Feira do Fumeiro da capital da
Terra Fria. Segundo Boaventura Moura, um dos cerca de cem produtores
de fumeiro certificados do concelho, "um porco de 230 quilos rende, em
fumeiro, cerca de mil euros".
BARRANCOS EXPORTA PRESUNTO A 40€/KG
O preço não é para todas as carteiras (40 euros o quilo). Mas quem
prova o presunto de Barrancos dá o dinheiro por bem empregue. "É o
melhor presunto do mundo. São peças topo de gama produzidas a partir
de porcos de raça alentejana criados em montado", refere António
Baena, director da Barrancarnes, empresa líder nesta região alentejana
na produção de presuntos de origem protegida, paletas, farinheiras,
salsichão, chouriços, paios e paiolas.
Comprada ao grupo Amorim em 2005 pelo grupo espanhol Julián Martín, a
Barrancarnes exporta 90 por cento dos presuntos para Espanha. França,
Alemanha, Inglaterra e Angola são outros países consumidores. Apesar
da forte concorrência espanhola, a empresa tem tido um crescimento
anual na ordem dos 10 por cento. Em 2010, o volume de negócios rondou
os 10 milhões de euros. Todos os anos produz cerca de 250 mil
presuntos e 500 mil quilos de enchidos.
DISCURSO DIRECTO
"É O SECTOR QUE EMPREGA MAIS EM MIRANDELA": Jorge Morais, Presid.
Entid. Gestora Alheira de Mirandela
CM – Como é que define a produção da alheira de Mirandela?
Jorge Morais – É uma produção industrializada e tem uma boa capacidade
de escoamento. Grande parte destina-se às superfícies comerciais de
todo o País.
– Isso reflecte-se em termos de empregabilidade?
– A produção de alheira é o sector de actividade que mais
empregabilidade tem em Mirandela. São 250 postos directos e 150
indirectos. Para tal contribuiu a alteração dos horários das lojas de
produtos regionais, que estão agora abertas de domingo a domingo.
– Qual é o próximo passo?
– Queremos partir para a internacionalização do produto, mas como é
industrial temos de o proteger, senão todos o podem fazer. Estamos já
no processo de internacionalização para São Paulo, no Brasil.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/550-toneladas-de-alheira-para-o-pais

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