quinta-feira, 16 de junho de 2011

Floresta ainda “por reordenar” dois anos após criação de zonas de intervenção

Mação é dos municípios com mais zonas de intervenção florestal
constituídas em Portugal, o que permitiu agregar ao projecto 1.300
proprietários que representam 7.500 propriedades e cerca de oito mil
hectares de área florestal.

Dois anos depois de constituídas as primeiras zonas de intervenção
florestal (ZIF) do país, a floresta "continua por reordenar" e a carga
combustível acumulada "faz temer o pior", alertou o presidente da
Associação Florestal de Mação (Aflomação). "Todo o trabalho feito está
em risco de se perder e o desalento é profundo", disse o vereador da
Protecção Civil e responsável pela Aflomação, António Louro (PSD),
referindo que, apesar de estar criada a estrutura organizacional para
as ZIF, falta ainda reunir os meios de financiamento indispensáveis à
sua concretização.
Com uma área florestal de cerca de 80 mil hectares para oito mil
habitantes, metade da floresta do concelho de Mação foi consumida
pelas chamas nos incêndios de 2003 e 2005, tendo os responsáveis
municipais assumido então o compromisso de encontrar soluções para a
promoção do ordenamento dos espaços florestais e para a sua efectiva
gestão.
Hoje, Mação é dos municípios com mais ZIF constituídas em Portugal
(cinco em 143), associando o conceito de 'ZIF - comunidade humana' a
um sistema de gestão florestal sustentável (SGFS), o que permitiu
agregar ao projecto 1.300 proprietários que representam 7.500
propriedades e cerca de oito mil hectares de área florestal.
"Dois anos decorridos desde a constituição das primeiras ZIF em Mação
e no país, não é ainda possível visualizar no terreno o efeito prático
deste processo", vincou o autarca, apontando o "lento desenvolvimento
do processo, a inércia das entidades responsáveis em corrigir as
deficiências do modelo definido e a inexistência de ajudas adequadas".
Segundo António Louro, a escassez de recursos que tem impedido que
seja posta em prática qualquer actividade relacionada com esta nova
forma de gestão está "a condenar ao insucesso, de forma lenta e
inexorável", o conceito de ZIF, "a única forma de garantir a
viabilidade florestal de áreas de minifúndio", frequentemente
percorridas por incêndios florestais.
"Das cerca de 140 ZIF criadas de norte a sul de Portugal, em nenhuma
delas se procedeu a qualquer acção de reflorestação, beneficiação dos
povoamentos ou sequer à gestão de combustíveis florestais, por força
do financiamento disponibilizado estar desajustado à realidade
socioeconómica do território" ZIF, observou.
"A carga combustível acumulada na floresta é tremenda, a par de um
excesso de regeneração e de nova vegetação que cresceu nos últimos
anos, e isso deixa-nos com uma situação verdadeiramente explosiva
entre mãos", afirmou, assegurando que o risco de eclosão de incêndios
este Verão em Mação é "extremamente elevado".
Sapadores florestais e trabalhadores afectos ao município trabalham há
várias semanas na limpeza das florestas do concelho, criando faixas de
descontinuidade e de baixa intensidade florestal junto às estradas e
habitações, promovendo uma maior segurança para a população e para os
próprios agentes na hora do combate ao fogo.
"Teme-se o pior", reafirmou o autarca, que defende a necessidade de
aproveitar uma "oportunidade histórica" de inverter a tendência de
abandono das propriedades e a recorrência de incêndios florestais.
http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=500&id=75383&idSeccao=8151&Action=noticia

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