segunda-feira, 13 de junho de 2011

Voltar à terra

"Surpreendente", "desconcertante", "inócuo": foi nestes termos que
alguns analistas da nossa praça comentaram o discurso do Presidente no
10 de Junho, centrado no problema do despovoamento do interior do
País.
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Por:José Rodrigues, Editor de Política/Economia


Mas podia, ou devia, Cavaco Silva pronunciar-se sobre assuntos da
agenda política numa altura em que decorrem negociações para a
formação de um governo? Cremos que não.
A altura é de recato, como aliás os principais protagonistas
referiram. Enquanto aguarda o desfecho, o Presidente preferiu
pronunciar-se sobre um problema inquietante que tem estado longe do
debate político: a desertificação do interior e o abandono dos campos.
O Recenseamento Agrícola 2009 do INE atesta a oportunidade do alerta:
em apenas uma década, cessaram actividade 111 mil explorações; a
produção familiar perdeu 443 mil pessoas; a média de idade dos
agricultores aumentou quatro anos (o agricultor-tipo tem 63 anos e não
foi além da antiga 4ª classe).
Portugal é um país desigual, com um litoral sobrelotado de gente sem
trabalho e um interior despovoado e sem ninguém para trabalhar. Assim
sendo, faz sentido o Presidente defender um repovoamento do interior e
um regresso à terra. Faltam os incentivos para atrair pessoas e
empresas ao interior desertificado e uma nova visão da agricultura,
ainda tida como a arte de empobrecer alegremente.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/voltar-a-terra

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