domingo, 12 de junho de 2011

Exportação: 90 por cento do concentrado vai para fora do País

Tomate ribatejano abastece o Mundo
Reconhecido por produzir um dos melhores concentrados do Mundo,
Portugal tem no tomate uma fileira absolutamente estratégica no sector
agrícola.
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Por:João Nuno Pepino

A esmagadora maioria do tomate cultivado no País destina-se à
transformação industrial, que coloca no estrangeiro mais de 90% da sua
produção de concentrado e respectivos derivados, facturando cerca de
150 milhões de euros por ano. "É uma indústria totalmente voltada para
a exportação", explica ao CM Amândio Freitas, presidente da Federação
dos Agricultores do Distrito de Santarém, para quem, "pelas suas
características, o tomate português é o melhor do Mundo".

O País é competitivo não só no sector secundário, mas também nos
campos de cultivo, onde a produtividade tem conhecido um aumento
significativo para satisfazer as exigências da indústria. Nos últimos
anos, registou-se uma enorme diminuição do número de agricultores, mas
Portugal tornou-se no país europeu com maior superfície por
agricultor. A produção média por hectare ronda as 80 a 100 toneladas,
enquanto outros países europeus – como Espanha ou Itália, com mais
área disponível para cultivo – têm dificuldade em atingir as 70
toneladas. "Portugal tem condições para aumentar a sua produção, mas
está limitado pelas quotas impostas pela União Europeia", acrescenta
Amândio Freitas.
Este ano, o sector está apreensivo devido ao mau tempo das últimas
semanas, que não só destruiu parte das plantações como está a impedir
o cultivo de outras áreas. A Confederação dos Agricultores de Portugal
(CAP) estima prejuízos na ordem dos três mil euros por hectare, e a
Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e
Hortícolas (FNOP) avança com uma quebra de 18 a 20 milhões de euros,
só no que diz respeito ao tomate.
DISCURSO DIRECTO
"CHUVA TARDIA PROVOCOU ESTRAGOS", Amândio Freitas, Pres. Fed. Agric.
Distrito Santarém
CM – Como vai ser a campanha deste ano?
Amândio Freitas – Já está fortemente prejudicada pelas intempéries dos
últimos meses. Há grandes áreas que foram replantadas e muitos
hectares estão por cultivar, devido à chuva tardia.
– Espera-se menos produção?
– Se o Verão for longo, pode ser que se recupere. Se for curto, as
coisas complicam-se bastante.
– É possível ter uma ideia dos prejuízos?
– Avançar com números é entrar no campo da especulação. Mas ascendem
aos milhões de euros.
– Há preocupação?
– Bastante. Há mais custos para assegurar a produção, e ainda não está
definido o preço a que o tomate vai ser pago na fábrica. Os produtores
não sabem se o que vão receber chega para cobrir o que gastaram.
3.º EM PRODUTO PROCESSADO
Portugal é o terceiro maior produtor do Mundo de tomate processado, e
exporta até para a China, país que é responsável por cerca de 25 por
cento do tomate plantado a nível mundial. O tomate nacional é
valorizado para a indústria devido ao elevado grau 'brix' (quantidade
de sólidos solúveis no sumo) e pelo alto teor de licopeno (pigmento
que dá a cor ao fruto).
ENXADA TROCADA PELAS MÁQUINAS PESADAS
O sector do tomate sofreu uma enorme transformação nos últimos 60
anos. O trabalho no campo era bastante duro por volta de 1950, quando
o cultivo ainda era feito em canteiro e as plantas metidas à enxada.
As décadas de 60, 70 e 80 do século passado trouxeram inovações a
nível da plantação, que começou a ser feita ao rego, e da mecanização,
com o aparecimento das primeiras máquinas de plantar tomate de raiz
nua. Nos anos 90, generalizou-se a colheita mecânica e a rega gota a
gota. As plantas deixaram de ser cultivadas pelos produtores e são
hoje altamente seleccionadas, desenvolvidas por viveiristas.
A evolução tecnológica trouxe também consequências no que respeita à
exploração da terra. Nos anos 50, cada seareiro cultivava entre dois a
cinco hectares; hoje, andam entre os 50 e os 300 hectares, porque o
número de produtores diminuiu significativamente.
OPTIMIZAÇÃO REDUZ PRODUTORES
No Ribatejo, a principal região produtora do País, havia cerca de seis
mil seareiros em 1985. Em 2010, estavam registados pouco mais de 550
produtores. Refira-se que a área de cultivo não sofreu grandes
alterações, o que significa que toda a estrutura de produção deste
sector foi optimizada para responder às exigências de um mercado que
não tem parado de crescer.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=4A4750F3-33CA-43AF-B5C5-ABF0C1EF34BF&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011

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