quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agricultores pedem estado de calamidade pública para culturas de vinha e tomate

Federação de Agricultores do Ribatejo fala em prejuízos superiores a
25 milhões de euros
As chuvas fortes e o calor intenso que se fizeram sentir nos meses de
Abril e Maio provocaram "estragos irreparáveis".
A Federação de Agricultores do Ribatejo (FAR) vai pedir ao Ministério
da Agricultura que declare "estado de calamidade pública" para as
culturas da vinha e do tomate na região. O presidente da FAR, Amândio
Freitas, informou durante uma conferência de imprensa realizada nas
instalações da Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo (concelho de
Almeirim) que as condições meteorológicas dos últimos meses, sobretudo
as chuvas fortes e o calor intenso que se fizeram sentir nos meses de
Abril e Maio, provocaram "estragos irreparáveis" em muitos hectares de
vinha e de tomate da região de Santarém.

Segundo a estimativa inicial recolhida pela federação, os estragos nas
culturas de tomate podem ascender aos 25 milhões de euros e afectam um
sector que emprega cerca de seis mil pessoas. "Este é um valor
calculado por baixo e receamos que possa aumentar até ao final do
Verão", acrescentou Amândio Freitas.
A FAR teme que a quebra na produção de tomate coloque em causa que
Portugal consiga cumprir a quota anual de produção de 1,05 milhões de
toneladas. Uma situação que pode também colocar em causa os apoios
comunitários aos agricultores, nomeadamente os de Regime de Pagamento
Único (RPU) onde exigem uma produtividade média de 60 toneladas por
hectare.
Devido às condições meteorológicas adversas muitos produtores ficaram
impedidos de plantar tomate, deixando os terrenos em baldio, e aqueles
que já tinham plantado viram as suas culturas inundadas pelas chuvadas
que assolaram a região. Nalguns casos os produtores tiveram que voltar
a preparar a terra para nova plantação, aumentando os custos de
produção, referiu Amândio Freitas.
No sector da vinha, os cálculos da federação apontam para que cerca de
60 por cento da produção deste ano esteja perdida, sendo que, nalguns
casos, existem produtores que nem vão vindimar porque perderam toda a
sua vinha. "Esta quebra na produção de uva vai afectar muito as adegas
cooperativas porque estas empresas têm custos fixos calculados de
acordo com uma expectativa de produção que não se vai cumprir este
ano", sublinha Amândio Freitas.
O dirigente agrícola dá como exemplo a Adega Cooperativa de Almeirim
cujas previsões apontam para que sejam transformados entre 8 a 9
milhões de quilos de uva, um valor muito inferior aos 20 milhões que
foram processados no ano passado.
A federação estima também que haja uma quebra de 30 a 40 por cento na
produção de uva de mesa, seja para vinho seja para consumo como fruta.
"Alguns produtores privados de vinho estão já a recorrer a produto
importado de Espanha e de outros países para compensarem as perdas
deste ano", referiu Amândio Freitas, sublinhando que "esta importação
é uma concorrência desleal para as adegas da região".
http://semanal.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=&id=75645&idSeccao=8205&Action=noticia

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