OPINIÃO
Publicado na edição de ontem do jornal Correio da Manhã, 30 de Junho,
o Senhor Presidente da Autoridade Florestal Nacional (AFN), fez a este
diário afirmações irresponsáveis e incoerentes a respeito do 3.º
sector exportador em Portugal(*), que se destaca em relação aos
restantes sectores da Economia Nacional em termos do Valor
Acrescentado Nacional onde atinge o 1.º lugar. O sector florestal
português representa 1,65% do Produto Interno Bruto, 1,8% da população
empregada em Portugal, tendo três empresas no TOP 100 Mundial,
produzindo um VAB por hectare de floresta de 310 Euros/hectare, o
valor mais alto dos 27 Países da União Europeia.
A AFN – Autoridade Florestal Nacional é o órgão da Administração
Pública Central à qual está atribuída, entre outras, a missão de
promover o desenvolvimento sustentável dos recursos florestais,
garantindo a sua protecção, conservação e gestão.
Este organismo, agora sob a tutela do Ministério da Agricultura, do
Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, tem como atribuição
apoiar a formulação e promover a aplicação de políticas para as
fileiras florestais, bem como o desenvolvimento integrado do sector e
das suas indústrias.
Compete à AFN a implementação dos instrumentos e das medidas previstas
na Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), aprovada em Conselho
de Ministros em 2006. A implementação desta estratégia previa
consequências na definição das medidas de apoio ao sector no âmbito do
Período de Programação UE (2007-2013), para além de condicionar a
aplicação dos apoios de âmbito nacional inseridos no Fundo Florestal
Permanente.
Desta forma, as afirmações produzidas assumem carácter irresponsável
porquanto são contrárias ao cargo e às funções que são inerentes ao
Presidente e à Autoridade Florestal Nacional.
O Presidente da AFN sabe, melhor do que ninguém, que tais afirmações
poderão ter consequências imprevisíveis sobre os mercados e sobre um
sector que fortalece a Economia Nacional claramente ao nível das
exportações de bens, na sua maioria com elevado padrão tecnológico e
comercial.
A altura em que estas afirmações são produzidas é totalmente
inadequada, já que no País acabou de ser empossado um novo Governo. O
Ministério que tutela o sector das Florestas, aglutina igualmente
áreas conexas da governação, designadamente do Desenvolvimento Rural,
do Ambiente e do Ordenamento do Território. Assiste-se assim hoje a
uma situação impar e de forte oportunidade, em que a dispersão de
áreas de decisão florestal por vários Ministérios, à décadas reclamada
com veemência pelo sector, estão hoje concentrados num único
Ministério.
As afirmações proferidas são assim incoerentes já que parecem estar
finalmente reunidas as condições para futuramente as decisões
inerentes ao sector florestal, designadamente sobre o investimento em
floresta, serem expeditas e consequentes, perspectivando-se um forte
impacto positivo para o sector.
Mais, ao nível do investimento nas florestas, seja na beneficiação da
floresta ou em acções de florestação, seja na prossecução das medidas
que lhe estão directamente associadas, como as que respeitam à posse
da floresta e à sua referenciação, concretamente pelo cadastro rústico
ou outro instrumento similar e simplificado, a anunciada possibilidade
de reformulação ao nível da comparticipação comunitária em fundos
públicos, recentemente anunciada pela Comissão Europeia e a requerer
pelo actual Governo, cria uma oportunidade que até há um mês atrás não
se vislumbrava.
Anteriormente às afirmações produzidas, havia sido igualmente
anunciado que o projecto de quadro financeiro plurianual para a UE no
período 2014-2020, apresentado pela Comissão Europeia, deve atribuir a
Portugal cerca de 23 mil milhões de euros em fundos comunitários para
o desenvolvimento do País entre 2014 e 2020, valor idêntico àquele a
que teve direito no quadro de 2007 a 2013.
Atesta-se assim a falta de oportunidade e a leviandade das afirmações
proferidas ao jornal Correio da Manhã, atribuídas ao actual Presidente
da Autoridade Florestal Nacional, das quais a Acréscimo se demarca e
repudia, já que, da forma como ocorreram, são totalmente contrárias à
defesa dos interesses da Floresta Portuguesa e da Economia Nacional,
lamentando-se ainda que, nesta precisa altura, se tente ter um
protagonismo que antes não se procurou, apesar das funções atribuídas
e aceites.
Lisboa, 1 de Julho de 2011
Paulo Pimenta de Castro,
Eng. Florestal
Acréscimo - Associação de Promoção ao Investimento Florestal
http://www.agroportal.pt/a/2011/pcastro.htm
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