A tese é defendida por José Graziano, novo diretor-geral da FAO,
organismo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
15:59 Segunda feira, 27 de junho de 2011
Última atualização há 12 minutos
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O novo diretor-geral da agência das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, apontou hoje o elevado
preço dos alimentos como um dos principais problemas a serem
combatidos durante o seu mandato.
Numa conferência de imprensa em Roma, um dia após ter sido eleito para
o cargo de diretor-geral da FAO, Graziano considerou que o preço das
commodities agrícolas deverá permanecer alto nos próximos anos,
exigindo, por parte da FAO, uma maior atenção às nações importadoras.
"Este não é um desequilíbrio temporário (...) Até não alcançarmos uma
situação financeira mundial mais estável, os preços das commodities
vão refletir isso", afirmou Graziano aos jornalistas. O ex-ministro
brasileiro destacou que a volatilidade nos preços das commodities
agrícolas é o "pior aumento" que está a ocorrer nos mercados
financeiros e manifestou o desejo de aumentar a ajuda da FAO aos
países importadores de alimentos.
Responsável pelo programa "Fome Zero", lançado durante o governo de
Lula da Silva, Graziano considerou que a biotecnologia é uma ciência
importante, que não deve ser deixada de lado, mas condenou o uso que
tem sido feito dela até agora, por parte das multinacionais que
possuem o monopólio sobre alguns tipos de sementes.
O novo diretor, que toma posse em janeiro do próximo ano, defendeu o
biocombustível brasileiro ao compará-lo com o fabricado em outros
países, a partir de grãos que fazem parte da alimentação diária
básica, como o milho.
"A cana-de-açúcar produzida, por exemplo, no Brasil para o etanol não
entra em competição com a produção de grãos e não tem impactos
ambientais", declarou.
Graziano derrota Angel Mratinos
Graziano da Silva foi eleito ontem com 92 votos dos 180 votantes numa
grande disputa com o ex-ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros,
Miguel Angel Moratinos, que recebeu 88 dos votos. A vitória do
brasileiro ocorreu com o apoio principalmente dos países emergentes e
do grupo G-77, conhecido como países não-alinhados, enquanto Moratinos
obteve apoio dos países europeus.
Durante o discurso, Graziano tentou minimizar qualquer divisão entre
os países membros para a sua eleição e garantiu que procurará agir em
consenso com todas as nações para "gerir de modo participativo" a
organização.
O brasileiro prometeu ainda dar início a uma "nova era" para o órgão.
A reforma da instituição era um dos principais pontos da sua proposta
de candidatura.
"Pretendo agir de forma transparente e democrática, recebendo a
exigência de várias áreas para tentar conseguir um acordo mínimo para
gerir de modo participativo esta organização", concluiu.
A presidente Dilma Rousseff, que já havia felicitado o candidato
brasileiro pela sua eleição numa nota oficial emitida ontem, voltou a
afirmar hoje que o governo brasileiro dará "todo o apoio" ao mandato
de Graziano à frente da FAO.
http://aeiou.expresso.pt/alta-dos-precos-nos-alimentos-nao-e-passageira=f658024
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