segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ANIL: Indústrias do leite criticam ataques ao sector e «aproveitamento» da distribuição

 21-09-2015 
 

 
A Associação Nacional dos Industriais de Laticínios criticou os «ataques ao sector» que têm gerado desconfianças no consumidor e acusou a distribuição de se aproveitar da crise do leite, em vez de proteger a produção nacional.

«Os ataques ao sector, em especial às propriedades nutricionais do leite e de algumas categorias de lácteos, têm vindo a crescer fortemente, gerando desconfiança no consumidor, de forma completamente injustificada e contrariando as orientações das autoridades competentes, que recomendam o consumo de lácteos», sublinhou a Associação Nacional dos Industriais de Laticínios (ANIL) num comunicado, um dia depois de se ter reunido com a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, para expressar as suas preocupações.

Para a ANIL, existem «situações inqualificáveis nos lineares da distribuição» que contribuem «para a confusão que se tem instalado no consumidor», como as margarinas misturadas com as manteigas, as bebidas não lácteas junto ao leite e produtos semelhantes a queijo disponibilizados nas mesmas prateleiras e charcutaria.

O director-geral da ANIL, Paulo Leite, destaca ainda, no mesmo comunicado, que «o aproveitamento da situação particular deste setor por parte da distribuição tem sido escandaloso, com estas empresas a desobrigarem-se de se incluírem no desígnio de protecção da produção nacional».

A ANIL salienta que as importações de leite mantêm o nível dos anos anteriores e admite chegar ao fim de 2015 com um défice de 250 milhões de euros na balança comercial, porque as marcas da distribuição continuam «a promover esta via de aprovisionamento, a preços incomportáveis e claramente a coberto de "dumping"».

Na reunião de sexta-feira com Assunção Cristas, na qual participaram as associações representativas dos vários agentes económicos, a ANIL reforçou que «é fundamental que (…) todos os operadores estejam em condições de assumir os seus compromissos face ao mercado, quadro legislativo e restantes condicionantes com que se deparam».

Os industriais apontam vários constrangimentos, como o facto de os "stocks" estarem a atingir «o máximo de que há memória», já que têm recolhido todo o leite produzido em solo nacional e estão a pagar preços à produção próximos da média europeia e mesmo superiores aos de alguns países com mais vantagens competitivas, como a Irlanda, a Bélgica ou a Alemanha.

Para o agravamento da crise tem contribuído também a degradação do mercado externo, especialmente no que se refere ao peso do mercado angolano nas exportações de lácteos, «que não encontra, a curto prazo, mercados alternativos de dimensão semelhante».

A Comissão Europeia divulgou na última semana um pacote alargado de 500 milhões de euros para apoiar os agricultores europeus, dos quais 4,8 milhões destinados aos produtores portugueses.

Paulo Leite lamentou que não tenha sido aprovada a proposta da indústria europeia no sentido de alterar as condições financeiras da armazenagem pública, em detrimento do reforço das ajudas à armazenagem privada, um mecanismo que não é normalmente usado em Portugal devido «aos valores irrisórios» que lhe estão associados, normas específicas quanto às embalagens e custos «proibitivos» das garantias bancárias obrigatórias.

Fonte: Lusa

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