sábado, 28 de janeiro de 2012

Portugal já está em seca extrema

Clima: Previsões dizem que não chove pelo menos nos próximos dez dias

Sete anos depois, Portugal volta a viver uma situação de seca severa
no Inverno. A precipitação nos últimos dois meses foi 85% inferior ao
normal, pelo que, na avaliação da semana que vem, o Instituto de
Meteorologia vai alterar a classificaçãode seca meteorológica, de há
15 dias, para seca severa.
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Por:Secundino Cunha /F.G.

"A situação é, de facto, anormal em alturas de Inverno. Se não chover
abundantemente em Fevereiro o País entrará em seca extrema, a situação
mais grave de todas", disse ao CM Vanda Cabrinha, do Instituto
Nacional de Meteorologia.
Para a meteorologista, os valores deste mês de Janeiro só encontram
paralelo em igual período de 2005. "A precipitação média, em Portugal,
no mês de Janeiro é de 117 litros por metro quadrado. No ano passado
foi de 102 e este ano, até hoje (ontem), foi de 17, um valor que tem
mais a ver com Junho do que com Janeiro", disse Vanda Cabrinha.
Quem começa a manifestar grandes preocupações são os agricultores, que
já falam em prejuízos efectivos devido à seca.
"Os pastos não crescem e nós somos obrigados a dar forragens ao gado,
quando só o costumamos fazer a partir de Maio. O problema é que cada
fardo (rolo) de palha custa cerca de 25 euros e não chega para quatro
dias", disse ao CM o agricultor Joaquim Ferreira, de Braga,
sublinhando que, devido à falta de pastos, se viu obrigado, na semana
passada, a vender três vacas.
Segundo José Lobato, presidente da Associação de Defesa dos
Agricultores, "são cada vez mais os homens da terra preocupados com a
seca que, nesta altura, o nosso País atravessa".
"A situação mais complicada é a das pastagens, mas a falta de água no
Inverno torna-se, por norma, um problema muito grave no Verão, uma vez
que não se dá a necessária reposição dos níveis freáticos", diz José
Lobato.
As previsões meteorológicas apontam para tempo seco e frio até, pelo
menos, 6 de Fevereiro, o que provocará, necessariamente, um claro
agravamento do actual estado de seca.
OESTE TEME DESCALABRO NA PRODUÇÃO HORTÍCOLA
"Numa zona de produção intensiva, se não chover vai ser um descalabro.
O que choveu esta semana não foi nada", desabafa José Artur,
presidente da administração da organização de produtores Horta Pronta,
em Atouguia da Baleia, Peniche.
"Tem de chover agora, no Inverno, para depois, na Primavera, o tempo
permitir às culturas crescerem", aponta, por sua vez, António Gomes,
presidente da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste. O
dirigente agrícola faz notar que "a continuar o tempo assim irá faltar
água dentro de dois a três meses".
Feliz Alberto Jorge, responsável da Associação de Agricultores do
Oeste, indica que os proprietários de explorações e pomares que não
disponham de sistemas de rega "é que vão sentir problemas",
comentando, no entanto, que a situação "até poderá levar a que os
preços estabilizem, por não haver excesso de produção".
DISCURSO DIRECTO
"TEMOS DE APOSTAR NO REGADIO": José Martino, Especialista em Agronomia
CM – Como pode reduzir-se o prejuízo causado pela seca na agricultura?
José Martino – A única maneira é apostar no regadio. Há projectos na
gaveta, de regadios públicos, em zonas como Trás--os-Montes ou Beira
Interior, que deveriam avançar. Temos de apostar no regadio, é uma
urgência nacional.
– A situação de seca que se vive é já problemática?
– É. Embora os pomares, com excepção dos citrinos, estejam em repouso
vegetativo, a falta de chuva faz com que os níveis freáticos não sejam
repostos, o que pode conduzir a uma situação catastrófica no Verão.
– Que culturas estão já a sofrer com a seca?
– O problema maior é o das pastagens, que não conseguem regenerar-se.
Depois, os cereais.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/portugal-ja-esta-em-seca-extrema

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