domingo, 29 de janeiro de 2012

Excedentes da horta dão para pagar propinas dos filhos no Vale do Sousa

09:14
28 janeiro '12
Texto
Uma funcionária pública de Paredes, no Norte do País, encontrou
naquilo que lhe sobrava das plantações na horta uma nova fonte de
rendimento motivada por um programa que aposta na comercialização de
proximidade.
twitter

Sem intermediários, Alda Rosendo vende todas as semanas uma centena de
cabazes com hortaliça e fruta diretamente ao consumidor e arrecada um
rendimento superior ao salário para despesas que de outra forma não
podia suportar, como as propinas dos filhos.

Por todo o País, há quase uma centena de explorações, na sua maioria
de pessoas que fazem agricultura para consumo próprio e que
encontraram nos excedentes um novo rendimento, apoiadas pelo PROVE, um
programa lançado, em 2006, por uma associação de Setúbal.

O PROVE - Promover e Vender foi testado pela Associação para o
Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal (ADREPES) com um pequeno
grupo de produtores de Palmela e Sesimbra e está a ser replicado por
várias zonas do País.

O projeto tem o apoio de fundos comunitários para a logística e já
contabiliza 35 núcleos de produtores que comercializam onze toneladas
de produtos semanalmente, correspondentes a 15 mil euros de receitas e
a um rendimento mensal médio de 600 euros por produtor.

Os dados foram divulgados, sexta-feira, num seminário, em Macedo de
Cavaleiros, por José Sousa Guedes, da Associação de Desenvolvimento
Rural das Terras do Sousa (ADER Sousa) que testemunhou a sua
experiência na Terra Quente Transmontana, onde a congénere Desteque se
prepara para aplicar este modelo.

Alda Rosendo faz parte do grupo de 20 produtores que aceitaram, no
Vale do Sousa, o desafio da ADER Sousa e que agora faz dinheiro com o
que dantes se estragava da horta.

Com o apoio do marido, já reformado, Alda começou com os mil metros
quadrados que já plantava, aumentou a área de produção para cinco mil
e vai arrendar uma quinta para produzir mais.

Os produtores desta zona reúnem-se uma vez por semana, definem
estratégias e partilham produtos para os cabazes, procedendo depois ao
acerto de contas.

Cada cabaz custa dez euros, se o consumidor for buscar ao produtor, ou
12 se for entregue em casa de quem encomenda.

Os interessados podem inscrever-se junto dos produtores ou na
Internet, no sítio da associação, e só têm de assinalar os produtos
que não pretendem. Semanalmente ou quinzenalmente, os cabazes são
sempre uma surpresa em termos de variedade.

Isabel Cruz é cliente, compra diretamente ao produtor e garante que "a
vantagem é levar [para casa] produtos com paladar diferente e
durabilidade maior".

Assegura que "a produção natural aguenta-se fresca mais tempo".

Este modelo de comércio direto cria também "laços de amizade" que não
existem numa relação pura de comércio, na opinião da produtora Alda
Rosende.

E nesta relação tem também descoberto que "as pessoa da cidade,
afinal, também dão valor à relação de proximidade do meio rural".

http://www.rtp.pt/noticias/?t=Excedentes-da-horta-dao-para-pagar-propinas-dos-filhos-no-Vale-do-Sousa.rtp&article=522119&visual=3&layout=10&tm=8

Sem comentários:

Enviar um comentário