quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Frio e geada com falta de chuva coloca em causa produção agrícola portuguesa

A temperatura fria esperada para os próximos dias está dentro dos
limites normais para esta época, mas a falta de chuva, que "está muito
abaixo da média", pode afetar a agricultura, afirmou à Lusa Rui
Salgado, investigador na Universidade de Évora. Uma situação que está
a preocupar os agricultores que admitem a necessidade do ministério da
Agricultura acionar medidas de emergência se continuar sem chover.
Especialistas em impactos climáticos na alteração do uso de solos e na
interação superfície-atmosfera, o também professor universitário
considerou que até agora a "maior anomalia meteorológica do ano
hidrológico 2011/2012 é a escassa precipitação, essa sim muito abaixo
da média".
"Do ponto de vista agrícola, a situação de seca que daqui decorre,
será o principal problema", disse.

Do ponto de vista dos solos, Rui Salgado explicou que o principal
efeito da descida da temperatura será a possível formação de geada
durante a noite e madrugada.
De acordo com as previsões, a geada poderá ocorrer em quase todo o
território continental, exceto numa faixa costeira com poucas dezenas
de quilómetros.
"As regiões mais interiores, as encostas viradas a Norte, as zonas
mais afastadas dos meios urbanos e dos reservatórios de água (rios,
lagoas, albufeiras) serão, como habitualmente, as zonas mais afetadas
pelas geadas, típicas neste período do ano", acrescentou.
O Instituto de Meteorologia já informou que Portugal continental será
atingido por uma descida acentuada da temperatura a partir de
sexta-feira, com os valores a descerem em média seis graus
centígrados.
Um alerta sobre frio intenso colocado na página de Internet da
Autoridade Nacional de Proteção Civil, aconselha as pessoas a evitar
estar ao frio durante muito tempo.
Na sua página, a Direção-Geral da Saúde afirma que os bebés e os
idosos são os mais vulneráveis ao frio, pelo que aconselha cuidados
redobrados.
Seca preocupa agricultores
A situação de seca que atinge Portugal Continental está a preocupar os
agricultores que admitem a necessidade do ministério da Agricultura
acionar medidas de emergência se continuar sem chover.
No final de janeiro, de acordo com o Observatório de Secas do
Instituto de Meteorologia, todo o território continental estava em
situação de seca meteorológica, com 11 por cento em seca severa, 76
por cento em seca moderada e 13 por cento em seca fraca, face aos
valores de precipitação "muito inferiores" aos normais para este mês.
O secretário-geral da Confederação Nacional de Coooperativas e do
Crédito Agrícola (CONFAGRI), Francisco Silva, afirmou que "há neste
momento uma preocupação enorme" entre os agricultores de Norte a Sul
do país e adiantou que, se não chover nos próximos 15 dias, "começa a
faltar comida para o gado".
"Se calhar, o ministério da Agricultura vai ter de pensar nalgumas
medidas de emergência", à semelhança do que aconteceu em 2005,
acrescentou.
Lembrando que as secas atingem Portugal com alguma periodicidade,
Francisco Silva disse que os próximos 15 dias serão um prazo
"razoável" para fazer uma avaliação da situação.
"O que temos agora é uma grande indefinição e instabilidade",
ressalvou o dirigente da CONFAGRI, apontando as pastagens como uma das
áreas mais afetadas.
Lusa
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2012/02/01/frio-e-geada-com-falta-de-chuva-coloca-em-causa-producao-agricola-portuguesa

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