sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Escaravelho ameaça três centenas de palmeiras no Jardim Botânico de Lisboa

10.02.2012 - 11:30 Por Ana Henriques
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O escaravelho está a ameaçar três centenas de palmeiras (Miguel Madeira)
O escaravelho da palmeira está a ameaçar as três centenas de
exemplares desta planta existentes no Jardim Botânico da Universidade
de Lisboa, que não tem dinheiro para proteger todas as plantas em
risco.
Oriunda da Ásia, a praga espalhou-se pelos países do Mediterrâneo e já
dizimou muitas centenas de palmeiras no Algarve, tendo alastrado a
vários pontos do território português. "O Jardim Botânico está
ameaçado e de que maneira", diz a responsável pela colecção viva da
instituição, Teresa Antunes.

"Estamos muito assustados porque o escaravelho anda aqui à nossa
volta. O Instituto Britânico tem uma planta morta desde Dezembro e no
jardim do Príncipe Real também já foram detectadas duas infectadas".
Das três centenas de exemplares, o Jardim Botânico decidiu mandar
aplicar um tratamento preventivo a 23, que correspondem às espécies
mais apetecíveis para a enorme e voraz larva do escaravelho. Mas nada
garante que o insecto não ataque as restantes espécies - como acabou,
aliás, por fazer no Algarve.
"Não temos dinheiro para tratar mais palmeiras", admite Teresa
Antunes, explicando que não é fácil aceder à parte superior das copas
das enormes plantas, única forma de saber se existe ou não infecção.
O balanço mais recente do avanço da praga em Lisboa data de meados de
Janeiro e dá conta do abate de 57 exemplares e da necessidade de
eliminar mais 65, entre espaços públicos e jardins particulares. "E
ainda a procissão vai no adro", observa a chefe de divisão da
inspecção fito-sanitária do Ministério da Agricultura, Clara Serra.
Só a Câmara de Lisboa tem espalhadas pela cidade mais de três mil
palmeiras. Quando os efeitos da praga se tornam visíveis, como
aconteceu com vários exemplares no Campo das Cebolas, muitas vezes já
é tarde de mais para salvar a planta. Só muito depois de ser invadida
pelas larvas, que se alimentam das palmas e do coração da planta, a
palmeira começa a dar sinais. Primeiro fica ligeiramente despenteada.
A seguir cai-lhe a parte superior da copa.
"A disseminação está a acontecer a uma velocidade assustadora", diz
Filomena Caetano, do Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo
d"Almeida. Aqui estudam-se os fungos que podem ser usados para matar o
Rhynchophorus ferrugineus, nome que os cientistas escolheram para
designar este escaravelho.
Carlos Gabirro, sócio-gerente da Biostasia, firma que o município de
Lisboa contratou para tratar e monitorizar 300 palmeiras, explica que
enquanto no Algarve o escaravelho levou mais de cinco anos a causar
grandes danos, na Grande Lisboa isso está a suceder em apenas dois
anos. Porquê? "O insecto dá-se melhor com este clima", deduz. Seja com
for, uma fêmea pode dar origem a cem ou mais indivíduos por semana. "E
torna-se fértil uma semana depois de ter saído do casulo", acrescenta.
Para agravar as coisas, um escaravelho consegue voar cinco a dez
quilómetros.
"Estamos a agir, mas se o Estado não actua e se os privados não abatem
as palmeiras infectadas é complicado", refere por seu turno o vereador
dos Espaços Verdes de Lisboa, José Sá Fernandes. "Batemos sempre no
mesmo problema: a câmara quer dinheiro para aguentar as despesas de
tratamento. Mas o Ministério da Agricultura não o tem. O município vai
ter de seleccionar as palmeiras com valor histórico que quer
preservar", contrapõe Clara Serra.
Na Av. da Liberdade já foi necessário proceder a um abate, tendo o
problema sido identificado em locais tão distintos como a Quinta das
Conchas, no Lumiar, o Jardim do Torel ou a Feira da Ladra. Carlos
Gabirro insiste em que a lentidão com que as diferentes entidades
estão a agir pode deitar tudo a perder.
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