quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Pão: Industriais divididos sobre aumentos de preços acusam distribuição de "dumping"

06-02-2012

De um lado há quem admita que em 2012 haverá aumento dos preços do pão
por inevitabilidade, do outro quem diz que os empresários «preferem
morrer a actualizar preços», mas unem-se na acusação de "dumping" à
distribuição.
Para o presidente da Associação do Comércio e da Indústria da
Panificação (ACIP), Carlos dos Santos, a resposta é clara: «Neste
momento não acredito. Acho que os industriais preferem morrer do que
actualizar preços. E vão esmagar tudo, margens e mais margens. Alguns
diziam-me, há dias numa reunião, que já não suportam ouvir a
lengalenga dos clientes todos os dias a queixarem-se de que não têm
dinheiro».
Por seu lado, o presidente da Associação dos Industriais de
Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (AIPAN), António Fontes,
acredita que uma alteração ao preço do pão «vai ter que acontecer mais
tarde ou mais cedo», não pelo Imposto sobre o Valor Acrescentado
(IVA), que não mudou na panificação com o Orçamento do Estado para
2012, mas pelos custos indirectos.

«Nos últimos dois dias o trigo subiu 10 euros/tonelada em bolsa, o que
quer dizer que os reflexos disto vão bater-nos daqui a um mês»,
explicou António Fontes, que diz ser precisa «coragem para chegar às
populações e dizer que o trigo tem aumentado».
O presidente da AIPAN, que é também vice-presidente da Confederação da
Indústria Portuguesa (CIP), lembrou que os empresários do sector têm
uma sensibilidade muito grande em relação ao impacto das actualizações
de preços no pão, uma vez que têm contacto directo com as populações,
ou seja, conhecem «a família do senhor Joaquim, que ontem levava 10
pães e que hoje só leva seis».
Do lado da Associação de Industriais de Panificação de Lisboa,
Diamantino Moreira ressalva de imediato não defender o aumento dos
preços, uma vez que «ao aumentar não se vende», mas lamenta que talvez
seja «inevitável que se aumente o preço ao longo do ano».
António Fontes afirmou não conhecer nenhum empresário na região norte
que tenha alterado os preços, já que a preocupação é manter o consumo
que já se tem vindo a contrair nos últimos meses, algo que é
transversal e claro para todos os contactados pela Lusa.
Outra questão de relevo para o sector é a influência da distribuição,
que o presidente da AIPAN diz fazer o mesmo para o pão que faz para o
leite, apelando a que haja regulação sobre a relação entre produção e
distribuição, à semelhança de várias outras áreas de negócio.
Diamantino Moreira reconhece que o sector do leite conseguiu «fazer
qualquer coisa», faltando à panificação poder ou, «se calhar, uma
grande confederação».
Na sua página na Internet, a ACIP escreve que «no final da década de
1990, as grandes superfícies entram de rompante», uma altura em que
começaram a usar o pão «como forma de marketing, vendendo abaixo do
preço de custo».
«Hoje, estas mesmas grandes superfícies têm uma quota de mercado que
ronda os 30 por cento, cresceram a dizimar sem escrúpulos o nosso
sector tradicional, com a cumplicidade das autoridades portuguesas»,
acusa a ACIP, lembrando ter feito várias queixas sem sucesso.
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia43224.aspx

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