quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Jovens rurais mais propensos à obesidade

ESTUDO
Hoje

Fotografia © Hernani Pereira
Os jovens que habitam em meio rural têm mais probabilidade de ser
obesos do que os jovens urbanos, já que são mais sedentários e passam
mais horas a ver televisão, revela um estudo da Universidade de
Coimbra.
O estudo, "Comportamento sedentário e dispêndio energético: influência
de fatores biológicos, sociais e geográficos", procurou avaliar o
gasto energético diário e o sedentarismo em 500 adolescentes com
idades entre os 13 e os 16 anos de escolas da zona centro do país, em
igual proporção de jovens de meio rural e urbano.

Contactado pela Agência Lusa, o investigador principal explicou que
havia necessidade de estudar o estilo de vida na população pediátrica,
uma vez que Portugal sofreu grandes transformações ao longo das
últimas quatro décadas do ponto de vista laboral, da alimentação e do
transporte, tanto de casa para a escola como de casa para o trabalho.
"A par da Espanha, Itália e Grécia, Portugal tem uma população de
adolescentes com taxas elevadas de sobrepeso, apesar de a obesidade
ser uma variável complexa de estudar, pela sua etiologia, mas sentimos
que havia varáveis de estilo de vida que seriam pertinentes de estudar
nestas franjas etárias", adiantou Aristides Machado.
De acordo com o investigador, o estudo mostrou que os anos terminais
da adolescência são problemáticos do ponto de vista do estilo de vida
ativo e durante este período os adolescentes entre os 15 e os 16 anos
têm maior risco de sedentarismo porque passam mais horas frente ao
televisor.
Aristides Machado apontou que o nível de sedentarismo aumenta
significativamente ao fim-de-semana e nos períodos pós-escolar durante
a semana.
"Durante o período escolar, todos os sujeitos, tanto rapazes como
raparigas, mais velhos ou mais novos, têm o mesmo padrão de
envolvimento nas diferentes atividades. As diferenças foram sobretudo
marcantes no final do dia e ao fim-de-semana, já que tanto no meio
rural como urbano, ao fim-de-semana, há uma diminuição acentuada de
atividade. Entre os rapazes do meio rural e urbano, há uma diferença
também no período pós-escolar", explicou o investigador.
No global, o estudo mostra que "os adolescentes que vivem em meio
rural são mais sedentários e passam mais horas em frente ao televisor
do que os adolescentes de proveniência urbana", o que, na opinião de
Aristides Machado, mostra que entre os adolescentes de meio rural "há
mais probabilidade de pertencerem a grupos classificados como tendo
excesso de peso e com obesidade".
"No nosso entendimento, o meio rural é um contexto mais precário do
que o meio urbano, do ponto de vista da saúde, da educação, do ponto
de vista das infraestruturas, do ponto de vista dos estímulos
materiais, até da família", apontou o investigador para logo de
seguida defender que "não se pode pedir só à escola que resolva um
problema de organização social, familiar e de estilo de vida".
"Tem que haver uma simbiose entre os diferentes agentes, no sentido de
serem não só mais ativos, mas mais saudáveis", defendeu, referindo-se
não só à escola, como à família, autarquias e demais agentes sociais.
O investigador alertou que há adolescentes que passam quatro horas
frente ao televisor, muito acima das duas horas máximas recomendadas,
e defendeu como possível solução o desporto nas horas pós-periodo
escolar ou qualquer outra solução que "retire os adolescentes de casa
de frente do televisor".
A investigação decorreu durante cinco anos e foi financiada pela
Fundação para a Ciência e Tecnologia. Teve a colaboração de
investigadores das universidades do Texas e Michigan, nos Estados
Unidos, Estadual de Londrina, no Brasil, Saskatchewan, no Canadá e
University of Bath, e, Inglaterra.
http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=2292240&seccao=Sa%FAde&page=-1

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