quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Usar alimentos para fazer combustíveis é ridículo

Lusa
08 Fev, 2012, 08:07 / atualizado em 08 Fev, 2012, 08:08
A produção de biocombustíveis a partir de alimentos é "ridícula",
considerou a consultora da Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e Agricultura (FAO), Ann Berg, defendendo a retirada dos
subsídios a esta indústria.
"É um uso ridículo para os alimentos quando há pessoas a morrer de
fome", afirmou a especialista em mercado e diretora da Bolsa de
Chicago em entrevista à Agência Lusa, frisando que é uma opinião
pessoal.
A representante da FAO disse que a utilização de alimentos para
produzir combustíveis tem um impacto enorme, sobre a disponibilidade e
os preços, apontando casos como o dos Estados Unidos da América, onde
40 por cento do milho cultivado é usado em biocombustíveis.
"São cerca de 125 milhões de toneladas que dariam para alimentar 600
milhões de pessoas durante um ano", notou Ann Berg, advogando a
retirada de subsídios a esta indústria para que o mercado livre possa
funcionar.

Esta seria a forma mais eficaz de aliviar a pressão dos
biocombustíveis sobre o preço de matérias-primas básicas já que Ann
Berg não acredita noutros mecanismos de controlo, como o preço de
desencadeamento (`trigger price`).
"Há quem defenda que, se os preços dos cereais subirem a partir de um
determinado valor, a produção de biocombustíveis devia ser travada,
mas não acredito que o `trigger price` seja uma solução para o
problema".
Ann Berg adiantou, por outro lado, que os mercados emergentes são os
mais afetados pela subida dos preços das matérias-primas porque tendem
a basear-se mais nos cereais, enquanto nos países desenvolvidos os
preços das matérias-primas básicas não variam muito.
"Nos EUA e na Europa, os preços destes produtos não variam muito,
porque os alimentos são muito processados, são transportados, tem
custos de publicidade, etc. Por exemplo, no preço do pão, só 8 por
cento é relativo ao trigo, o resto advém da transformação em farinha,
colocação nos mercados, etc."
Ann Berg é uma das convidadas do VIII Congresso Nacional do Milho,
onde irá abordar a voltalidade das cotações no mercado mundial de
cereais.
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=525224&tm=6&layout=121&visual=49

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