sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Os conceitos e os números: como tapar o Sol com a peneira

Opinião -
23 de Novembro - 2012

Nem sempre os números publicamente avançados pelos responsáveis
políticos se adequam aos conceitos invocados. Como exemplo,
registam-se as recentes declarações proferidas pela ministra Assunção
Cristas sobre o peso da floresta no Produto Interno Bruto (PIB).
Haverá nisto intenção de tapar o Sol com a peneira ou será caso de má
assessoria à governante?

Assim, de acordo com o glossário do Instituto Nacional de Estatística
(INE), o conceito de floresta está associado a terrenos dedicados à
atividade florestal, onde se incluem os povoamentos florestais, áreas
ardidas de povoamentos florestais, áreas a corte raso e outras áreas
arborizadas. Enquadrando o setor primário, este conceito não enquadra
a indústria florestal, embora esta última se possa associar à
atividade silvícola quando abordada numa ótica de fileira, setor
florestal ou silvo-industrial.

Aqui chegados e de acordo com dados publicados em dezembro último pelo
Gabinete de Planeamento e Políticas do MAMAOT, tendo por base as
Contas Nacionais do INE, a floresta registou em 2010 um peso no PIB de
apenas 0,5%. Já as indústrias florestais registaram, nesse mesmo ano,
um peso no PIB de 1,3%. No conjunto da fileira florestal, o peso no
PIB foi em 2010 de apenas 1,8%. Em 2000, o peso do setor florestal foi
efetivamente de 3%, valor não mais registado desde então.


Desta forma, a ministra Assunção Cristas, ao afirmar que a floresta
"vale três por cento" do PIB, ou foi mal informada, ou está a querer
iludir ao tentar tapar o Sol com a peneira.
Seria porventura mais útil à floresta e ao setor florestal se o MAMAOT
anuncia-se medidas de regulação dos mercados de produtos florestais,
que permitam uma maior rentabilidade da floresta, e assim uma ativa e
sustentável gestão da mesma, com impacto positivo na redução da
propagação dos incêndios e da proliferação de pragas e de doenças,
riscos que hoje condicionam gravemente qualquer iniciativa de
investimento florestal.Desta forma, a ministra Assunção Cristas, ao
afirmar que a floresta "vale três por cento" do PIB, ou foi mal
informada, ou está a querer iludir ao tentar tapar o Sol com a
peneira.Seria porventura mais útil à floresta e ao setor florestal se
o MAMAOT anuncia-se medidas de regulação dos mercados de produtos
florestais, que permitam uma maior rentabilidade da floresta, e assim
uma ativa e sustentável gestão da mesma, com impacto positivo na
redução da propagação dos incêndios e da proliferação de pragas e de
doenças, riscos que hoje condicionam gravemente qualquer iniciativa de
investimento florestal.

Efetivamente, a atividade silvícola registou na última década
(2000/2010) um declínio progressivo, isto apesar do saldo fortemente
positivo evidenciado pela indústria florestal no período 2006/2011.

A floresta apresentou, entre 2000 e 2010, taxas de variação médias
anuais negativas de 2,0% em volume e de 2,3% em valor, o que refletiu
o efeito da diminuição dos preços no produtor.

Por sua vez, o custo dos meios de produção teve nesse período um
impacto bastante negativo na atividade florestal (+7,1%), dado que a
evolução dos preços da produção não acompanhou o aumento daqueles, em
particular o custo da energia.

Para além dos discursos redondos, aguardam-se medidas concretas que
permitam conferir credibilidade ao investimento florestal, mais ainda
quando o mesmo é cofinanciado pelos contribuintes.

Por Acréscimo

http://www.vidarural.pt/news.aspx?menuid=8&eid=6792&bl=1

Sem comentários:

Enviar um comentário