terça-feira, 7 de junho de 2011

«Acordo com MERCOSUL é negativo para agricultura»

UE
07 | 06 | 2011 09.21H
Um estudo da Comissão Europeia sobre o impacto do acordo com o
MERCOSUL prevê consequências negativas para a agricultura, que
afetarão os Açores por ser uma região vulnerável e ter um dos produtos
mais sensíveis, a carne de bovino.
Destak/Lusa | destak@destak.pt

"Todos os cenários do estudo dizem que a agricultura vai sofrer e a
carne é dos setores mais afetados", afirmou a eurodeputada
social-democrata Maria do Céu Patrão Neves em declarações à Lusa,
comentando os dados do estudo que será apresentado a 23 de junho no
Parlamento Europeu.
A eurodeputada alertou para as consequências negativas do acordo com o
MERCOSUL para os Açores, defendendo que deve ser traçada "rapidamente"
uma estratégia que permita negociar as medidas compensatórias e o
tempo de faseamento da liberalização.
"É só isso que podemos acautelar porque o processo não vai parar.
Todos os estudos realizados dizem que o acordo com o MERCOSUL é
vantajoso, em termos gerais, para a UE", frisou, recordando que o
presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já disse que o acordo
é fundamental para a UE porque permite o acesso a 700 milhões de
consumidores, o que dará um grande impulso aos setores envolvidos.
Para as autoridades europeias, os ganhos económicos em bens e serviços
devem compensar o impacto negativo do acordo na agricultura.
As negociações para a liberalização do comércio entre o MERCOSUL e a
UE começaram em 1999 e foram suspensas em 2004 devido a um impasse,
mas foram retomadas em maio de 2010 e estão a desenvolver-se a um
ritmo muito acelerado.
"Se a ronda do Paraguai, em abril, não tivesse corrido mal, estava
previsto que o acordo ficasse concluído em outubro, para ser assinado
em janeiro, quando o Brasil assume a presidência do MERCOSUL",
salientou Patrão Neves.
Para a eurodeputada, "é preciso ter consciência da rapidez deste
processo negocial" e aproveitar o tempo permitido pela "travagem
brusca" originada pelo "descontentamento" manifestado pela Argentina e
França na última ronda negocial.
"O estudo é muito claro. São analisados quatro cenários possíveis de
liberalização e em todos o impacto no setor da agricultura é
negativo", frisou, defendendo uma "ação concertada" de Portugal junto
das instituições europeias para fazer valer os seus interesses.
A eurodeputada considerou que "esta é uma causa nacional e regional"
e, por isso, deve envolver os eurodeputados portugueses e as
autoridades nacionais e regionais.
"É preciso delinear uma estratégia e distribuir tarefas para que, de
forma concertada, se atue como um verdadeiro lóbi já que somos dos
poucos países que não possui lóbi institucionalizado em Bruxelas",
afirmou, defendendo que Portugal se deve juntar a outros países
europeus com a mesma preocupação.
"Receio que se tenha pensado que as negociações se iam arrastar como
no passado e muitos não se aperceberam da rapidez do processo. Se a
ronda do Paraguai não tivesse corrido mal, tudo estaria resolvido em
outubro", frisou.
A defesa dos interesses nacionais e regionais só pode ser feita com
uma "reação muito forte, já a 23 de junho", quando o estudo for
apresentado no Parlamento Europeu.
"Não há subterfúgios, a linguagem é muito clara. O estudo diz que o
acordo é benéfico para a UE e para o MERCOSUL, mas é extremamente
prejudicial para a agricultura", reafirmou a eurodeputada.
http://www.destak.pt/artigo/97610-acordo-com-mercosul-e-negativo-para-agricultura

Sem comentários:

Enviar um comentário