“Agricultura esteve 20 anos esquecida”

Discurso directo
Luís Mira, Secretário da Confederação dos Agricultores de Portugal,
fala sobre a atenção dada à agricultura pelo Presidente
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Por:Luís Oliveira

Correio da Manhã – Como vê a atenção dada agora à agricultura pelo
Presidente da República?
Luís Mira – É muito importante para os agricultores. A crise voltou a
recolocar a agricultura comoum sector vital para o sistema produtivo
do País e vai ajudar-nos a sair dela porque pode fomentar as
exportações e impedir as importações.

– Por que razão é que o sector foi menosprezado?
– Pois, é um facto. A agricultura esteve esquecida pelo poder político
nos últimos 20 anos, mas agora há sinais positivos de que vai voltar a
merecer a devida atenção, não só por aquilo que pensa o Presidente da
República mas pelo que foi dito na campanha eleitoral.
– Defende que o próximo ministro da Agricultura tenha um importante
peso político?
– O importante é que o Governo todo olhe para a agricultura como uma
mais-valia e um sector essencial para o País. Em Espanha, para
defenderem o seu pepino, interveio o presidente do governo e o rei. Em
Portugal, dou-lhe um exemplo: José Sócrates foi seis anos e meio
primeiro-ministro e não teve agenda para marcar presença em nenhuma
edição da Feira Nacional de Agricultura em Santarém [a edição deste
ano termina amanhã].
– Cavaco Silva disse que a aposta na agricultura pode minimizar os
efeitos da desertificação. Acredita no regresso às aldeias?
– Acredito que muitas pessoas das zonas rurais podem não ter
alternativa e voltar à agricultura. Já será mais difícil ver pessoas
abandonar as grandes cidades para regressar e investir no mundo rural.
– Se não houver uma mudança na política agrícola do País, vai
continuar a falta de mão-de-obra no sector?
– Sim, vai ser um problema complicado de resolver, porque é muito
difícil levar pessoas para o Interior, uma região com baixa densidade
populacional.
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