Por Katherine Oliveira e Sandra Gomes - jpn@icicom
Publicado: 08.06.2011 | 14:28 (GMT)
Marcadores: Cortiça , Economia , País , Portugal , Sectores
Com exportações no valor de 756 milhões de euros, o sector da cortiça
reforça o seu estatuto nacional e internacional, mostrando resistência
à crise.
Com mais de três séculos de história, a cortiça é um dos produtos
naturais mais apreciados internacionalmente. Tida como uma jóia da
economia portuguesa, a indústria corticeira, para além da forte
relação com a cultura vinícola, expande, também, a sua aplicabilidade
a outras gamas de produtos, assegurando uma posição de referência no
mercado mundial.
O director-geral da Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), Joaquim
Lima, considera que, apesar da cortiça ser um "sector com tradição", a
indústria "rompeu com o modelo que tinha nos últimos dez anos",
apresentando-se, hoje, "completamente renovada". "A indústria
apresenta-se com um novo figurino, com novos produtos, novas formas de
actuar e até com uma expressão de internacionalização completamente
inovadora do ponto de vista nacional", destaca.
O sector coloca no mercado uma grande diversidade de produtos, que
"reforçam a importância da cortiça". Segundo Joaquim Lima, as "rolhas"
para todo o tipo de vinhos "são o produto principal", uma vez que
representam "cerca de 60% do total das exportações". Por sua vez, os
produtos relacionados com a construção civil, como pavimentos,
isolamentos e revestimentos, "preenchem 15% total das exportações".
Para além destas áreas de negócio, também o vestuário, o calçado e a
indústria automóvel usufruem das propriedades da cortiça.
Em Portugal, há sectores de actividade que conseguem contornar a crise
O JPN vai publicar um conjunto de peças relativas a alguns dos
sectores de actividade em Portugal que, apesar da crise económica,
continuam a mostrar sinais positivos de desenvolvimento. A cortiça, os
têxteis, o calçado e as energias renováveis são algumas das indústrias
que tentam e conseguem, por vezes, contornar a crise.
O mundo com olhos postos na cortiça portuguesa
Adaptação e renovação têm sido a chave para o sector da cortiça ir
além da tradição, ultrapassando fronteiras e conquistando novos
segmentos de mercado. Apesar do período de crise "generalizada" nos
mercados internacionais, entre 2008 e 2009, o sector mostra sinais de
melhoria, para os quais tem contribuído o aumento das exportações que,
no início deste ano, apresentaram um "aumento de 8% das vendas",
correspondentes a "754,3 milhões de euros", explica o director- geral
da APCOR.
Joaquim Lima lembra que, no pico da crise, em 2009, "o sector perdeu
bastante nas vendas globais". No entanto, constata-se que "as novas
empresas têm mais trabalho e estão a aumentar as suas exportações",
pelo que "o cenário é de melhoria para o sector". Desta forma, as
exportações constituem uma importante fonte de proveitos para Portugal
que, em 2010, ascenderam a "156,2 milhões de toneladas de cortiça
exportadas".
Quanto aos países importadores de rolhas para vinho e aplicações para
a construção civil, o director-geral destaca a França, a Espanha, os
EUA, a Alemanha, a Nova Zelândia, a Inglaterra, o Canadá, os Emirados
Árabes, o Chile, a Argentina, a Rússia, a China e o Japão.
Perante este cenário, Joaquim Lima sublinha que "Portugal é o maior
exportador de produtos de cortiça", assumindo, também, "a liderança na
quantidade e comercialização" de produtos fabricados. "Quando se
encontra um produto em cortiça em qualquer parte do Mundo,
normalmente, foi fabricado em Portugal", brinca.
Crise não afecta mercado de vendas
O sector da cortiça já foi anteriormente afectado pela crise. Contudo,
Joaquim Lima acredita que a actual conjuntura económica portuguesa
"não vai ter um efeito no mercado de vendas" da indústria corticeira,
uma vez que o "sector exportador é fortemente dependente dos mercados
internacionais e não tanto do nacional", explica. No entanto,
"obviamente que uma crise nacional pode acabar por repercutir-se no
sector, criando uma certa instabilidade e tensão social", adverte.
Apesar da possibilidade da crise poder abalar ligeiramente o sector, o
director-geral da APCOR garante que "a cortiça não será um sector
gerador de desemprego" (actualmente, emprega cerca de 10 mil pessoas,
distribuídas por 700 empresas). Nesse sentido, a APCOR vai desenvolver
várias formações de cariz profissional para as camadas mais jovens,
com intuito de "alimentar a indústria com novos profissionais
qualificados".
"O futuro pode ser brilhante"
"Desenvolvimento do sector". É este o principal objectivo que a APCOR
pretende concretizar nos próximos anos, através da aposta na
"qualidade e certificação" no campo nacional e internacional.
Joaquim Lima refere que a cortiça é "um sector que diz muito a
Portugal", pelo que se torna fundamental "reunir condições para o seu
desenvolvimento sustentável", acrescentando, ainda, que a APCOR tem "a
responsabilidade de acreditar no futuro, que pode ser brilhante".
http://jpn.icicom.up.pt/2011/06/08/cortica_a_joia_da_economia_portuguesa.html
Sem comentários:
Enviar um comentário