Mercado: Preço do fruto sofre com constantes oscilações
São conhecidas internacionalmente pela qualidade e pela sua principal
característica: a doçura. E é com este argumento que os produtores de
laranja do Algarve tentam combater o domínio espanhol do mercado.
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Por:Tiago Griff
As oscilações de preços têm afectado a estabilidade do negócio da
laranja algarvia, onde a forte e organizada produção do país vizinho -
o segundo maior produtor mundial, atrás do Brasil -, aliada à
proximidade geográfica, têm sido os piores inimigos.
"Cheguei a vender laranjas a um euro o quilo mas agora só ronda os 20
cêntimos e, às vezes, até se vende a dez cêntimos. Isto apesar de os
valores de produção terem aumentado cinco vezes", queixa-se Eduardo
Coelho, produtor e proprietário de cinco terrenos na zona de Loulé.
Os laranjais dispersos no Algarve condicionam a produção organizada e
elevam os custos de, por exemplo, a água da rega. Para cada terreno
tem de haver um furo, que pode custar até dez mil euros. "Eu tenho
cinco terrenos, são cinco contadores, cinco ejectores de adubo... Em
Espanha há terrenos de 400 hectares a usar água das barragens, onde
não gastam dinheiro a tratar a salinidade. Isso tudo baixa os valores
de produção", explica.
Em 2009, Eduardo Coelho gastou 23 mil euros com os custos totais da
produção e, apesar de ter tido um lucro de 30 mil, realça que não é
sempre assim: "Num ano bom, vendo 350 toneladas, mas há anos em que o
lucro não chega aos dez mil euros. É um mercado demasiado instável",
explica.
E como é que se combate a produção espanhola em massa ? "Com a
qualidade. A laranja do Algarve é a melhor laranja do Mundo. O
microclima na região é único e acredito que se não fosse a qualidade
tornava-se muito mais difícil a comercialização", defende o produtor,
de 59 anos, que garante: "Apesar das dificuldades, a laranja do
Algarve não vai deixar de existir".
PRODUTORES UNIDOS PARA VENDER
As organizações de produtores de laranjas do Algarve são
intermediárias entre os produtores e as superfícies comerciais.
Segundo a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, na
região existem nove organizações: Frusoal, Cacial, Frutarade,
Fru-talgarve, Frutalgoz, Cooprobol, Farfruta, Tavifruta e Citripor,
responsáveis por limpar, calibrar, higienizar, conservar (se o produto
não for logo escoado) as laranjas e pela distribuição, sendo que
também têm técnicos que monitorizam e dão auxílio aos associados. Na
Cacial, por exemplo, empresa que tem cerca de 70 associados, todas as
sextas-feiras reúnem-se elementos da direcção comercial, técnica e
agrícola, para decidir como será tratado o produto. Esta empresa de
Faro distribui cerca de 20 mil toneladas por ano.
DISCURSO DIRECTO
"O CONSUMO E OS PREÇOS ESTÃO BAIXOS", Horácio Ferreira,
Vice-presidente Uniprofrutal
CM - Quais as dificuldades nesta campanha?
Horácio Ferreira - Neste ano temos dois níveis de dificuldade: o preço
e o consumo. Tem havido um consumo e preços muito baixos para aquilo
que eram as expectativas da campanha e aquilo que é a rendibilidade de
cada produtor.
- Como mantêm a relação com o mercado espanhol?
- Há rivalidade. Andamos a reboque dos preços de Espanha. Andamos a
lutar com um hipopótamo comparado a uma formiga, que somos nós. Mas,
no ano passado, fomos a reboque do preço alto espanhol e ganhámos com
isso.
- Como estão a correr as exportações?
- Exportamos muito para França, Itália, países do Leste e África, mas
este ano o mercado está muito frio, não há quase consumo.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/laranja-a-preco-de-saldo
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