domingo, 5 de junho de 2011

Agricultores irritados com alemães

Santarém - Críticas na Feira Nacional da Agricultura
Os agentes do sector agrícola português responsabilizaram ontem a
ministra da Saúde da Alemanha pela diminuição brusca do consumo de
produtos hortofrutícolas, ao ter referido que o surto de E.coli teria
tido origem no pepino espanhol.
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Por:João Nuno Pepino


"Foi um momento de alguma irresponsabilidade, que trouxe prejuízos
muito graves a nível do consumo", disse ao CM Rui Vilar, da Naturar,
presente na 48ª Feira Nacional da Agricultura, que ontem abriu ao
público em Santarém. Apesar da crise, o sector agrícola ainda tem
capacidade para absorver alguma mão-de-obra disponível, o que poderia
ser encarado como uma saída para os problemas económicos que afectam o
País. Porém, continua a ser difícil encontrar candidatos.
"Trabalhar no campo? Quem é que quer isso?", responde António Almeida,
quando confrontado com esta possibilidade. "Era uma solução se
houvesse gente para amanhar a terra", adiantou ao CM o pequeno
agricultor ribatejano.
Para Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de
Portugal (CAP), "a agricultura não é o único caminho para sair da
crise, mas pode dar uma resposta importante". Segundo o responsável,
"Portugal tem de produzir mais nos sectores em que é deficitário, para
diminuir as importações, e apostar onde é muito forte nas exportações,
casos da cortiça, da pasta de papel e dos vinhos, entre outros". Sendo
o desemprego uma das questões que mais preocupa os portugueses, Luís
Mira recorda que a agricultura tem capacidade para absorver
mão-de-obra. Mas ressalva: "Há que perceber que as necessidades são
sazonais e em zonas despovoadas do interior do País, o que não resolve
o grande problema, ou seja, o desemprego de longa duração".
APOSTA FORTE NO CARTAZ MUSICAL
Até domingo, 12 de Junho, vários nomes sonantes da música portuguesa –
Xutos & Pontapés, Pedro Abrunhosa, Deolinda e Camané – vão subir ao
palco principal da Feira Nacional da Agricultura, que este ano apostou
forte no cartaz musical para atrair público ao certame.
PRODUTORES DÃO ARTIGOS PARA PROVAR
O salão alimentar "Prazer de Provar" é um dos espaços em destaque da
feira. Reúne produtos certificados de Norte a Sul do país (queijos,
enchidos, vinhos, azeite e carnes, entre outros) que são dados a
conhecer aos consumidores de forma gratuita.
LARGADAS DE TOUROS E CAMPINOS
No período nocturno, as habituais largadas de touros e actividades com
campinos continuam a ser dos espectáculos mais procurados pelos
visitantes. Os organizadores decidiram não aumentar o preço das
entradas em relação ao ano passado por causa da crise.
DINÂMICA É EXEMPLO PARA O PAÍS
"Nesta altura de crise, é bom que os responsáveis políticos ponham os
olhos na Feira Nacional de Agricultura. É aqui que está o eixo da
salvação do País", referiu ontem o presidente da Câmara Municipal de
Santarém, Francisco Moita Flores.
DISCURSO DIRECTO
LUÍS MIRA, SECRETÁRIO-GERAL DA CONFEDERAÇÃO DE AGRICULTORES DE
PORTUGAL: "GOVERNO DEVIA TER SIDO MAIS FIRME"
Correio da Manhã – As autoridades nacionais estão a reagir bem à crise
provocada pelo surto E.coli?
Luís Mira – Genericamente, sim, mas acho que o Governo devia ter
adoptado uma posição mais firme, a exemplo do que fez a Espanha.
– Em que sentido?
– Em Espanha, quem veio pedir explicações à Alemanha e exigir uma
indemnização foi o primeiro-ministro e o próprio rei, que teve um
discurso em uníssono com o governo espanhol. Em Portugal, o ministro
da Agricultura fez aquilo que devia, mas devia ter sido o Governo
português, ao mais alto nível, a tomar uma posição sobre esta questão.
– Os produtores esperavam uma reacção mais enérgica por parte do Governo?
– Não pode haver tolerância quando está em causa a defesa da produção
nacional e a própria imagem do sector de um país. A Espanha demonstrou
bem a importância que dá à agricultura e Portugal não o fez.
QUEBRA DE 90 POR CENTO NAS VENDAS
As vendas de pepino diminuíram "entre 90 a 95 por cento, e levaram por
arrasto outros produtos como a alface e o tomate, que registam quebras
na ordem dos 40 a 45 por cento", revelou ontem ao CM Rui Vilar, da
empresa Naturar. "Quando ouve falar em mortes, ainda por cima num
surto de origem imprecisa, o consumidor fica assustado e associa isso
a outros produtos usados para as saladas", explica o produtor. "Temos
cá o pepino nacional na feira precisamente para convidar os
consumidores a prová-lo, porque não fará mal a ninguém", garante. A
nível do sector hortofrutícola, a Confederação dos Agricultores de
Portugal (CAP) estima uma quebra global de 50 por cento. "É difícil
quantificar os prejuízos, mas ascendem a vários milhões de euros",
refere Luís Mira, secretário-geral da CAP, acrescentando que os
produtores portugueses até já enfrentam a concorrência da Espanha.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=4201C1BB-9CBD-404B-8C31-675E3477B7D8&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011

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