sexta-feira, 10 de junho de 2011

Qualidade: Denominação de origem protegida garante bom preço

Vitela barrosã já rende 2,3 milhões
Não dá para ganhar fortunas, mas a carne de vitela barrosã certificada
é um negócio de sucesso. Os cerca de 135 mil quilos produzidos por ano
são vendidos ao público a uma média de 17 euros o quilo, o que dá um
valor de 2,3 milhões de euros.
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Por:Secundino Cunha


Alfredo Cadime, agricultor de Boticas, encaixa perto de doze mil euros
brutos por ano com a produção de vitela barrosã. Dono de quinze vacas
de raça pura, envia todos os anos para o Agrupamento de Produtores
doze ou treze vitelas.
"O valor que nos pagam é de 6,15 euros por quilo, já com IVA, o que dá
sempre uns 600 euros por vitela. Ainda vamos tendo alguns subsídios,
que são uma boa ajuda, mas os custos de produção são altos", disse ao
Correio da Manhã o produtor, lembrando que "a alimentação destes
animais é cem por cento natural".
A vitela barrosã com denominação de origem protegida (DOP) é produzida
em 21 concelhos dos distritos de Vila Real, Braga e Viana do Castelo.
Todos os produtores são sócios do agrupamento, na Cooperativa Agrícola
de Boticas, que é responsável pela comercialização da carne.
O vice-presidente da cooperativa, João Paulo D'Além, diz que "a maior
vantagem dos produtores de vitela barrosã é o facto de terem garantido
o escoamento do produto".
No ano passado, 570 produtores entregaram perto de 1900 vitelas, que
renderam ao agrupamento de 1,3 milhões de euros, dos quais 950 mil
reverteram para os produtores.
Com 55 anos e a viver da terra desde criança, Alfredo Cadime diz que
"a vitela barrosã ainda é o que vai valendo aos lavradores, porque o
que a terra produz não compensa".
No entanto, alerta: "A criação deste gado exige muito amor". "Não
podemos pensar em férias, todos os dias temos de lhes dar de comer e
soltá-las para os lameiros, enfim, só para quem gosta, como é o meu
caso, é que vale a pena", afirma.
"É PRECISO GENTE NOVA NESTE SECTOR": João Paulo d'Além, Cooperativa de Boticas
CM – A produção de vitela barrosã é um bom negócio?
João Paulo D'Além – Hoje nada é fácil, mas a vitela barrosã ainda é
das melhores apostas. O preço pago ao produtor é o mais alto e tem
garantido o escoamento do produto.
– O que é que mais o preocupa nesta altura?
– O que mais me preocupa é o envelhecimento dos nossos agricultores. A
média etária é superior a 65 anos, pelo que é preciso, com urgência,
gente nova neste sector.
– A vitela barrosã é um produto de futuro?
– Penso que sim, mas não vai ser tarefa fácil. Por um lado, os custos
de produção não param de aumentar, o que pode obrigar à subida de
preços e, por outro, há nítida perda de poder de compra, o que impede
qualquer actualização de valores. Havemos de dar a volta.
BAIXO TEOR DE COLESTEROL
Uma das vantagens das carnes de animais autóctones, alimentados à base
de pastagens e cereais, é que têm baixo teor de colesterol. É uma
carne tenra e suculenta, com ómega 3 e ómega 6 e uma invulgar
abundância de antioxidantes.
Os produtores asseguram que o consumo desta carne é muito menos nocivo
para a saúde do que a maioria das carnes vermelhas.
LAMEIROS DO BARROSO DÃO CARNE DE EXCELÊNCIA
Nem todo o gado que se cria no Barroso (concelhos de Montalegre e
Boticas) é de raça barrosã. Aliás, a maioria é de outras raças
autóctones, como a charolesa, a mirandesa ou a maronesa. São animais
de maior porte e, por isso, melhores para os trabalhos agrícolas. Mas
a qualidade da carne das suas vitelas é excepcional.
"Estamos a falar do bovino cruzado, criado nos lameiros do Barroso, ou
seja, com pastagens da melhor qualidade e que são certificadas pelo
modo de produção", disse ao CM José Justo, presidente da Cooperativa
Agrícola de Montalegre, sublinhando que, "no essencial, o que está em
causa é a alimentação, que tem de ser 100% natural e com base nas
pastagens dos lameiros".
O agrupamento tem cerca de 1100 associados, que anualmente entregam
para abate oito a nove mil cabeças de gado (vitela e novilho).
"Estes animais pastam aqui nos lameiros e sobem também ao monte, onde
comem urze, queiroga e carqueja. Alimentamo--las também com palha
milha e centeia, assim como com o cereal ralado. Não admira que daqui
saia uma carne de excepção", explicou ao CM o criador Avelino dos
Reis.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=7334DD1C-3B29-4A91-99AE-144CCDFF83D8&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011

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