MINISTRO DA AGRICULTURA
por LusaHoje
O ministro da Agricultura, António Serrano, considerou hoje que as
compensações propostas para os agricultores europeus afectados pelo
surto de E. coli são insuficientes e que as perdas devem ser pagas a
100 por cento.
António Serrano, que falava no final da reunião extraordinária dos
ministros da Agricultura europeus, convocada para debater os efeitos
desta epidemia sobre os produtores de legumes, sublinhou que os 150
milhões de euros propostos pela Comissão Europeia poderão não ser
suficientes.
"Depende do número de dias que esta crise durar" e do número de dias
que se demorar a provar que não existe relação entre o aparecimento
desta bactéria e os produtos hortícolas, disse o ministro
demissionário à Agência Lusa. "Não há nenhuma evidência científica.
Todas as análises que têm sido feitas em todos os países são
negativas. Os produtores estão a ser altamente penalizados por uma
matéria para a qual não contribuíram e temos de garantir que são
ressarcidos", sublinhou.
António Serrano defendeu, por isso, que as indemnizações devem cobrir
100 por cento dos prejuízos, ao contrário do que sugeriu o comissário
europeu da Agricultura, Dacian Ciolos, que propôs que o cálculo tenha
como referência 30 por cento do preço médio da produção dos últimos
três anos. "Pedimos que o valor de referência fosse de 100 por cento
do preço médio dos últimos três anos para cálculo das indemnizações ao
agricultores", declarou António Serrano.
Segundo o governante demissionário, até hoje, os prejuízos dos
produtores portugueses totalizam cinco milhões de euros, mas no final
desta semana podem atingir dez milhões de euros "e, se isto continuar,
na outra semana facilmente chegam aos 20 milhões". Para o ministro,
houve, no entanto, uma "boa novidade", que é os produtores poderem ser
ressarcidos desde o início da crise, a 26 de maio. "Essa é uma boa
novidade porque vão ser compensados retroativamente, a partir do
momento em que tenham prejuízos reportados através da organizações de
produtores", afirmou o responsável.
António Serrano admite que a nova proposta, "substancialmente
melhorada", possa ser apresentada já na próxima semana. As autoridades
europeias decidiram, contudo, não adotar ainda uma declaração com
vista a retomar a confiança dos consumidores face a uma "situação de
alarme" que António Serrano considera "exagerada". "Pedi ao
comissário, John Dalli, para, no final da reunião, produzir uma
declaração para tranquilizar o consumidor uma vez que não há nenhuma
análise positiva, mas mostrou-se ainda renitente porque entende que só
deve fazer essa declaração quando tiver a informação sobre a origem do
surgimento da bactéria".
A reunião dos 27 foi convocada pela presidência húngara da União
Europeia para analisar os problemas dos agricultores afetados pelas
quebras no consumo de produtos hortícolas. A origem do surto
infeccioso, que já matou 25 pessoas, foi inicialmente associada a
pepinos espanhóis e, mais tarde, a rebentos de soja, o que foi
posteriormente desmentido.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1872589&page=-1
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