E. coli. Bruxelas aumenta proposta de indemnização

por Maria Catarina Nunes , Publicado em 09 de Junho de 2011
Subida é calculada com base em 50% do preço médio dos legumes nos
últimos anos. Portugal pede uma compensação a 100%
A Comissão Financeira anunciou ontem o aumento de 150 milhões para 210
milhões de euros da proposta de compensação financeira para os
produtores de legumes lesados com a quebra de vendas devido à epidemia
da bactéria E.coli. O anúncio surge depois de os ministros europeus da
Agricultura terem rejeitado a primeira solução apresentada por
Bruxelas, que era calculada com base em 30% do preço de referência dos
alimentos nos últimos quatro anos.

"No imediato temos um orçamento de 210 milhões de euros", avançou o
comissário europeu da Agricultura, Dacian Ciolos, depois da onda de
protestos de vários comerciantes que reivindicavam a insuficiência da
verba. Mas apesar do aumento da taxa de compensação, agora calculada
sobre 50% do preço médio dos vegetais, o gabinete de António Serrano,
ministro da Agricultura, permanece resistente à nova proposta: "É
inaceitável e insuficiente para a Europa", afirmou fonte oficial da
tutela ao i.
A ajuda financeira é destinada aos produtores europeus de pepino,
alface, tomate, courgette e pimentos. O Ministério da Agricultura
português considera que na sequência das quebras de consumo, em
Portugal, na ordem dos 80%, e nas exportações que caíram para metade,
"a compensação deve ser de 100%", acrescentou a mesma fonte. O preço
de venda ao público no país, que normalmente rondava os 45 cêntimos ao
quilo, escorregou para mais de metade, não ultrapassando agora os 4
cêntimos.
Portugal continua, assim, ao lado de Espanha, Dinamarca ou Holanda,
países afectados e que reclamam, igualmente, uma indemnização que
suporte o total das suas quebras, não aceitando por isso, uma taxa de
compensação que fique abaixo dos 90% sobre o preço médio dos produtos
nos últimos quatro anos. Bruno Le Maire, que detém a pasta da
Agricultura em França - outro dos países prejudicados - é dos poucos a
não exigir a totalidade das perdas, estabelecendo o seu pedido "o mais
perto possível da realidade".
Os pepinos espanhóis foram apontados, inicialmente, como a origem da
contaminação da estirpe violenta de E.coli enterohemorrágica, pelo que
se espera que as quebras semanais atinjam os 200 milhões de euros. Na
Holanda, o declive poderá atingir os 80 milhões, por semana, e em
Portugal, a média de quebras para o mesmo período deverá situar-se
entre os quatro e cinco milhões de euros.
A proposta da Comissão Europeia tem de enfrentar ainda a avaliação dos
países europeus, devendo ser submetida a debate na próxima
terça-feira. O comissário europeu da Agricultura, Dacian Ciolos,
parece estar confiante e espera que as primeiras compensações sejam
dispensadas "o mais rápido possível, até Julho".
Propagação O medo aterrou mesmo em território francês, ontem, quando o
país confirmou o primeiro caso de contaminação pela bactéria E.coli e
anunciou outra "provável" infecção, e sete doentes com diarreia
hemorrágica que, até ao fecho desta edição, estariam a ser submetidos
a análises. O surto infectou, até agora, 2400 pessoas e já tirou a
vida a 24, uma na Suécia e as restantes na Alemanha.
http://www.ionline.pt/conteudo/129287-e-coli-bruxelas-aumenta-proposta-indemnizacao