quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Seca e políticas desajustadas arruínam a produção agrícola nacional

COMUNICADO
Associação de Defesa dos Agricultores do Distrito de Braga
Como não bastasse a profunda crise que a agricultura atravessa,
originada por políticas erradas e desajustadas da nossa realidade
produtiva, assente no desprezo dos sucessivos governos que tem levado
à total desregulação dos custos dos meios de produção e dos preços
pagos à produção, a seca que se tem vindo a instalar é mais uma enorme
dor de cabeça para os produtores agrícolas.
Com a falta de chuva que se tem verificado: escasseiam as pastagens,
está prejudicado o cultivo de cereais de inverno e a produção e
qualidade do vinho verde está ameaçada.
Como não bastassem os aumentos constantes dos combustíveis, das
rações, dos adubos, das sementes, das pesticidas ,da electricidade,
etc… os produtores de leite e carne têm que suportar custos
suplementares com a alimentação dos animais e mais gastos com energia
para rega.

A produção têm imensas dificuldades em escoar muitos dos seus
produtos, os preços praticados são os mesmos de à uma dezena de anos
atrás e em certos casos até baixaram. Tem de enfrentar um mercado
desregulado onde a ditadura das grandes superfícies determina os
preços aos produtores, não se coibindo, inclusivé, da prática de
Dumping e de relegar a produção nacional para 2º plano.
A produção de vinho verde, sector importante da produção agrícola da
região, se não se verificarem alterações climáticas rápidas e
profundas, corre o risco de se tornar um ano de baixa produção e de
menor qualidade do produto. As características desta apreciada bebida
da nossa região, exclusiva no mundo, pode aumentar o seu teor
alcoólico e retirar-lhe o trago de acidez que lhe dá o sabor único e
diferente.
Mas para a Senhora Ministra da Agricultura parece que nada se tem
passado!……. Tem produzido conversa, mais conversa e ainda mais
conversa, dando a ideia que nada está a acontecer, tudo está bem e que
todos os problemas estão a ser resolvidos….. só que medidas até hoje
nem uma ainda se viu!
Perante este quadro preocupante, que de dia para dia agudiza as
enormes dificuldades da produção agrícola nacional, a Senhora Ministra
anda para aí a vender a ideia de que o famoso banco de terras é a
solução de todos os problemas. Aproveitamos para fazer a pergunta? Os
problemas estão na falta de rentabilidade ou na falta de terra para
produzir? Nós respondemos senhora Ministra!.... os (as) produtores
(as) agrícolas abandonam a actividade porque trabalham arduamente a
terra e não tiram o rendimento necessário pelo esforço que fazem e
alguns (as) não aguentaram e tiveram que entrar em insolvência.
Por isso Senhora Ministra, chegou o momento de reduzir à conversa e
aumentar a eficácia na solução dos problemas do sector, porque é para
isso que aí está e é isso que os portugueses esperam! Não podemos
estar sentados á espera que venha chuva, porque quando a chuva vier
possivelmente muitos produtores já não aguentam mais e não lhes resta
outra alternativa que não seja o abandono.
O estado de calamidade na agricultura já devia ter levado o ministério
a accionar os mecanismos necessários junto da U.E. para minimizar as
dificuldades existentes, ao contrário do que foi feito: esperar pela
chuva quando todos sabiam que não vinha! Este mecanismo é um direito
de todos os estados da União Europeia, não é nenhuma esmola para
Portugal.
Mas este mecanismo não basta e outras medidas terão que ser tomadas!
Se a Senhora Ministra não for capaz de as tomar, os agricultores
portugueses a julgarão pela continuidade das mesmas políticas de
desastre da nossa produção agrícola.
Braga, 28 de Fevereiro de 2012
Pela Direcção da ADADB
José Manuel Lobato
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/02/29h.htm

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