Nesta altura de crise económica, em que ter um curso superior ou
qualquer outro está longe de garantir emprego, a agricultura é uma
alternativa a ser pensada, principalmente para quem não quer ou pode
"mandar-se" lá para fora
Texto de Duarte Natário • 11/04/2013 - 12:35
Fala-se tanto em recessão, depressão, na emigrição e falta de pão. E
porque não a agricultura?
Nesta altura de crise económica, em que ter um curso superior ou
qualquer outro está longe de garantir emprego, a agricultura é uma
alternativa a ser pensada, principalmente para quem não quer ou pode
"mandar-se" lá para fora.
Com tantos terrenos por cultivar e com a importação desnecessária de
produtos que poderíamos cultivar por cá, a agricultura deveria ser
mais explorada, e continua a ser a única actividade capaz de combater
a desertificação e uma importante contribuição para dizermos adeus à
crise.
'Há zonas do país sem jovens agricultores há mais de 20 anos e a
agricultura tem muito para dar. Ela é a coluna vertebral do mundo
rural', diz Firmino Cordeiro, presidente da AJAP (Associação dos
Jovens Agricultores de Portugal).
Nestes últimos anos, um jovem empreendedor com vontade de trabalhar a
terra, com uma ideia de negócio, e que esteja disposto a pegar na
enxada e "bater punho" (como nos diz vezes sem conta Miguel
Gonçalves), apesar de tudo, começa a ter cada vez mais condições para
o fazer.
No país da União Europeia com menos jovens agricultores, onde existem
alguns incentivos de entidades como o Programa de Desenvolvimento
Rural (ProDer), dão o mote a iniciativas que ocupem os campos a monte
e mobilizem a agricultura. Ainda que estes incentivos sejam instáveis,
muito depende do projecto, da vontade de sujar as mãos na terra e da
coragem de assumir este caminho e deixar o "conforto" da cidade.
Na verdade, cada vez mais se houve falar deste regresso ao campo e às
origens e do crescente número de jovens que trocam o sofá pelo
trabalho rural. Estes projectos agrícolas, alguns de sucesso, a pouco
e pouco contribuem para revitalizar e dinamizar as zonas rurais do
país, contrariando a ideia de "ruralidade como qualquer coisa do
passado sem futuro", uma das "utopias" de Gonçalo Ribeiro Telles, o
agora merecido "Nobel" da Arquitetura Paisagista, que afirma também
que a recuperação das aldeias "tem de passar pelo restabelecimento da
agricultura local".
Produções agrícolas rentáveis como a do mirtilo e frutos vermelhos,
cada vez mais procurado pelos países Nórdicos, cogumelos, kiwis,
aromáticas e medicinais, plantas ornamentais, árvores de fruto, vinha
e vinho e outras menos conhecidas como a do physalis ou
açafrão-das-índias são algumas das grandes apostas feitas pelos
jovens.
No entanto, Luís Saldanha Miranda da CNJ, espera que "as pessoas não
se atirem só por causa conjuntura, porque têm terras de família e,
depois, mal a conjuntura económica melhore sejam os primeiros a
abandonar". Apesar de esta ser uma alternativa aliciante ao
desemprego, este projecto de vida não deveria ser considerado como um
negócio da "moda", porque agora o que está a dar é ir viver para o
campo.
O "saudoso" Miguel Relvas, que dizia que o desemprego jovem lhe tirava
o sono, tinha razão numa coisa: "Não nos devemos resignar a um país
desertificado e envelhecido". Talvez ele, queira agora também,
dedicar-se à agricultura.
http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/7420/e-agricultura-pa
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