Queda do consumo em Portugal e a crise na Europa tem levado produtores
a novos mercados, como a China e as vendas crescem há três anos
Exportações. Neste caso, de vinho
D.R.
01/04/2013 | 13:44 | Dinheiro Vivo
As exportações portuguesas de vinho ultrapassaram no ano passado, pela
primeira vez, os 700 milhões de euros. É já o resultado da estratégia
dos grandes produtores para fugir à crise do mercado interno - aposta
forte em mercados fora da Europa, como Canadá, EUA, Brasil, Angola,
China e Rússia.
De acordo com dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), as vendas
de vinho (incluindo os licorosos) para fora de Portugal somaram 704,8
milhões euros em 2012, mais 7,1% do que no ano anterior. Em volume, as
exportações aumentaram 8,8%, totalizando 3,35 milhões de hectolitros.
As exportações estão a crescer há três anos consecutivos em todas as
categorias, quer em volume, quer em valor, apesar da quebra dos preços
(-1,5%). Isso acontece "muito graças ao investimento feito na promoção
nos mercados fora da Europa, onde as exportações estão bastante fortes
e a crescer", confirma ao DN/Dinheiro Vivo Frederico Falcão,
presidente do IVV. Canadá, EUA, Brasil, Angola, China, Rússia, Suíça e
ainda numa série de países como México, Moçambique ou Japão são muitos
exemplos do sucesso dos vinhos portugueses.
E são também os três clusters prioritários de exportação da Adega de
Borba. "O primeiro é o Brasil e Angola, onde Portugal tem maior quota
de mercado de vinhos e onde existe uma maior oportunidade", explica
Manuel Rocha, CEO da adega, que produz o vinho Montes Claros. No
cluster do Reino Unido, Alemanha e EUA, as dificuldades estão no
mercado inglês e alemão. "As cadeias de supermercados fazem muita
pressão para obter preços baixos", ao passo que "os EUA, com um
consumo per capita a crescer, é mais 'simpático', também por causa das
comunidades portuguesas de imigrantes", destaca .
No terceiro cluster estão a China e a Rússia, ambos mercados "com
maior potencial e futuro, onde apostamos todos os recursos", frisa o
CEO da Adega de Borba. Os produtores nacionais "estão muito
concentrados em Xangai e Pequim e se aí tiverem sucesso são muitos
milhões de consumidores. Mas há outras cidades mais pequenas também
importantes", frisa. Por isso, "mais do que defrontar os maiores
produtores do mundo, que têm milhões para investir nesses mercados, é
ir apostar com imaginação em regiões de nicho."
Apesar de as vendas na China terem ainda pouca expressão quando
comparadas com outros mercados, os prémios aí conquistados por
produtores nacionais são sinal de grande aceitação do vinho nacional,
defende Kelly England, presidente dos China Wine & Spirits Awards (ver
entrevista aqui). Embora o mercado europeu continue a ser o principal
destino do vinho português em volume (55% do total), os chamados
países terceiros (fora da Europa) estão a crescer, já representando
42% em valor do vinho exportado, contra 37% em 2010.
Levar este trabalho de exportação por diante "não é fácil", diz Manuel
Rocha. E quais são as principais dificuldades? Desconhecimento de
Portugal como país produtor de vinho - "o vinho do Porto é o mais
conhecido e apenas por um consumidor envelhecido" - e enfrentar
concorrentes de peso, como Espanha, Itália e França, a quem se juntam
a Califórnia, Chile, Argentina, África do Sul, Nova Zelândia e
Austrália.
No entanto, "porque mais de uma centena de produtores estão
comprometidos em aproveitar todas as oportunidades com propostas de
alto valor na relação preço-qualidade e vinhos diferentes, não tenho
dúvida de que a quota de vinho português vai crescer", diz Manuel
Rocha. O mesmo otimismo tem Frederico Falcão, que acredita num
crescimento das exportações de 10% ao ano.
http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/Artigo/CIECO132000.html?page=0
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