Presidente dos China Wine & Spirits Awards defende que "é a hora de
Portugal ter orgulho e manter a produção de vinhos de qualidade"
Kelly England com o Portugal Wine Guide
D.R.
01/04/2013 | 14:40 | Dinheiro Vivo
Os produtores de vinho nacionais podem ainda não vender ao nível de
outros congéneres europeus, mas nas medalhas não se ficam atrás. No
Vinalies Internacionales, em Paris, conquistaram 70 medalhas e no
Berliner Wein Trophy, na Alemanha, arrecadaram 64. Mas foi no
mercado-sensação, como é o chinês, que os produtores trouxeram maior
número: 78 medalhas (28 de prata, 42 de ouro e oito de duplo ouro),
mais concretamente dos China Wine & Spirits Awards (CWSA),
considerados os Óscares do mundo do vinho na China.
Em entrevista ao Dinheiro Vivo, a presidente dos CWSA, Kelly England,
explica como o consumidor chinês vê o vinho made in Portugal, e dá
pistas ao produtores nacionais. Ver aqui noticia sobre valores de
exportação.
Os vinhos portugueses conquistaram 78 medalhas nos CWSA. É sinal de
que estão a ganhar terreno na China?
Os jurados - os mais proeminentes importadores, distribuidores e
profissionais da hotelaria - gostaram realmente dos vinhos
portugueses, mesmo em prova cega, e acreditam que são adequados para
este mercado. Nas duas competições dos CWSA (Best Value e Prova
Geral), os vinhos portugueses superaram as expectativas. Para a edição
de setembro dos CWSA 2013 há mais 27% de vinhos portugueses inscritos
face a 2012, o que é um bom presságio para Portugal vir a ser um key
player.
Que aspetos do vinho português são valorizados pelo consumidor chinês?
Os compradores chineses consideram os vinhos portugueses de excelente
qualidade e com um value for money, um atributo raro e valioso. Acham
também que têm um sabor frutado rico, requintado, agradável e muito
apropriado para acompanhar os seus pratos favoritos. Além disso, o
CWSA notou a valorização da cultura portuguesa pelos consumidores
chineses, seguindo os laços históricos com Macau. Neste sentido, o
Portugal Wine Guide, distribuído aos 100 jurados destes prémios, está
a ajudar os produtores a comunicar e a apresentarem os seus vinhos.
Como vê o possível crescimento dos consumidores de vinho nas cidades
mais pequenas e menos conhecidas da China, também denominadas cidades
Tier 2?
Os jurados do CWSA são selecionados de todas as regiões para dar um
padrão global e preciso e adequado da China. Das cidades menos
conhecidas, destaque para estas, com níveis interessantes de
crescimento: Chongqing, uma cidade não costeira a ter em atenção. As
importações de vinho em Chongqing e as áreas de Sichuan estão a
crescer de forma explosiva devido à crescente e acelerada riqueza
económica neste eixo. Acresce ainda que esta cidade é acessível por
rio e assim beneficia consideravelmente de vantagens ao nível dos
transportes. Tianjin é outra cidade a ter em conta pois funciona como
abastecimento da poderosa Pequim e de grande parte do norte da China.
Este antigo porto comercial é agora responsável por uma percentagem
crescente de importações de vinho. Por fim, Qingdao, a capital
tradicional da cerveja, com com património histórico ligado à cerveja
alemã, está a verificar-se um interesse surpreendente pelo vinho
devido também à tradição do consumo de bebidas. Ao beneficiar também
da sua proximidade com vinhedos chineses, Qingdao está a consumir,
quer os vinhos produzidos na China como vinhos internacionais
importados de qualidade.
Como pode Portugal afirmar-se contra concorrentes de peso?
A China está apenas no início do seu interesse pelo vinho, o que, de
acordo com o verificado noutras áreas de consumo, no interesse pela
cultura internacional e na capacidade de rendimento, poderá tornar-se,
em breve, no maior mercado do mundo para os vinhos. A França, Espanha
e Austrália estão a ser muito agressivos no marketing das suas
medalhas CWSA, o que faz com que certos vinhos brilhem. Agora é a hora
de Portugal ter orgulho e manter a produção de vinhos de qualidade e
bater seus rivais como forma de assegurar uma parte satisfatória e bem
merecida do mercado, aqui na China.
http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/Artigo/CIECO132199.html?page=0
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