A propósito de uma afirmação que me é atribuída no contexto de uma
conversa telefónica com uma jornalista da Lusa e que, em parte, foi
tornada pública, também através do AGROPORTAL, segundo a qual eu teria
dito que "temos exportação no sector florestal porque a PAC pagou, mas
ninguém fala disso", gostaria de esclarecer, que essa frase, se fosse
dita como é reproduzida, não passaria naturalmente de um enorme
disparate.
Curiosamente, a vida tem destas coisas, o título que a Lusa deu ao
artigo, citando-me correctamente, foi "Dizem-se muitos disparates
sobre a agricultura".
Ainda que admitindo que a precisão da linguagem se possa perder no
contexto em que é utilizada, o que eu disse nessa longa conversa
telefónica, cuja reprodução contém aliás outras incorrecções, foi que
a PAC não se limita ao sector agrícola mas que alarga o seu
financiamento ao sector agro-industrial e também ao sector florestal,
que é altamente exportador, e que ninguém fala disso.
Quis sublinhar esse facto e mantenho o sentido das minhas afirmações,
uma vez que os críticos da PAC costumam fazer crer que se trata de uma
política que tem exclusivamente a ver com a agricultura e que se
limita à organização dos mercados e ao apoio ao rendimento dos
agricultores. Depois disso, costumam juntar-lhe dois ou três
argumentos, tão disparatados como destruidores. Refiro-me à dimensão
da área abandonada, sempre anormalmente exagerada, à dependência
alimentar do exterior, cujo valor, muito sobreavaliado, nunca
corresponde à realidade e finalmente ao atestado de óbito que passam à
agricultura portuguesa de cuja vida revelam grande desconhecimento e
cuja "morte" atribuem à Politica Agrícola Comum.
O conjunto dos disparates é tão grande, tão recorrente e tão
resistente a desmentidos, que qualquer português menos avisado, pensa
o pior dos agricultores e, face ao que lhes dizem, considera que os
apoios de que beneficiam, quer ao rendimento, quer aos investimentos,
são ilógicos e imerecidos.
Porque a frase que me foi atribuída já serviu de pretexto para um
justificado artigo de opinião, publicado no AGROPORTAL, agradecia que
também fosse tornado público este esclarecimento.
24/10/2011
Armando Sevinate Pinto
Engenheiro Agrónomo
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/10/24f.htm
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