APROLEP
A análise de conjuntura divulgada recentemente pela comissão europeia
relativa ao mês de Agosto demonstra que o preço do leite ao produtor
em Portugal (0,305€/kg) permaneceu 3,9 cêntimos abaixo da média
comunitária (0,344€/kg). No gráfico dos 27 estados-membros, apenas 5
países da Europa de Leste tem preços inferiores a Portugal.
Esta diferença de preços é agravada pela diferença de apoios recebidos
da PAC. Portugal recebe actualmente 154€/ha de Superfície Agrícola
enquanto a média comunitária é 251€/ha (Dados Mamaot).
No caso do
leite o diferencial face à agricultura no norte europeu é ainda
agravado pelo facto da produção portuguesa estar concentrada em
regiões de minifúndio, com pouca área, parcelas mais pequenas e
difíceis de trabalhar. Apesar disso, face aos preços baixos e elevados
custos de produção, as ajudas recebidas são muitas vezes superiores ao
resultado da exploração leiteira, conforme indicaram vários Técnicos
Oficiais de Contas na última edição da Revista Produtores de Leite.
A combinação destes dois factores explica certamente a baixa de
produção (-0,4%) registada entre Abril e Julho de 2011, face a 2010.
Lamentavelmente, a proposta de reforma da PAC pós-2013 não responde às
dificuldades actuais dos produtores nem promove o futuro da produção
de leite em Portugal, porque:
- Não propõem qualquer iniciativa face à especulação nos preços dos
cereais utilizados na alimentação animal, que representam 60% dos
gastos de produção;
- Não apresenta caminhos para um maior equilíbrio de rendimentos entre
Produção, Indústria e Distribuição;
- Não prolonga o regime de quotas leiteiras nem apresenta qualquer
sistema alternativo para estabilizar a produção.
Sobre a questão de quotas leiteiras, concordámos que Portugal deve
insistir na defesa deste regime, tendo em conta que os estudos
disponíveis indicam que o fim deste sistema será negativo para o nosso
país. Contudo, face à falta de apoio sentido a nível europeu na defesa
das quotas leiteiras, consideramos que é urgente preparar um "Plano B"
para a sobrevivência do sector sem quotas que, no entender da APROLEP,
não pode depender apenas pela distribuição de "migalhas" da mesa de
Bruxelas, mas deve passar pelo aumento da competitividade das
explorações agrícolas, pela racionalização do sistema de recolha e
transformação, pela melhor valorização dos produtos transformados e
pela fidelização do consumidor português para os produtos nacionais, o
que só será possível com a colaboração positiva da indústria e das
cadeias de distribuição.
27 de Outubro de 2011
A Direcção da APROLEP
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