quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Saídas para "crise grave" são exportação e vinho a copo

VINHOS
27 | 10 | 2011 11.26H
O setor dos vinhos enfrenta uma "crise grave" e as soluções passam
pelas exportações e aumento da venda de vinhos a copo nos
restaurantes, defende o promotor do "Encontro com o Vinho e Sabores",
que começa na sexta-feira.
Destak/Lusa | destak@destak.pt
O evento ocorre em Lisboa num momento em que o "mercado interno é uma
completa desgraça" e regista "quebras constantes", disse à Lusa João
Geirinhas, responsável pela organização. Com o aumento do IVA na
restauração para 23%, "não há boas perspetivas" quanto ao futuro do
setor, avisou.

Deverá assistir-se, considerou João Geirinhas, ao acentuar da
tendência de consumo cada vez mais em casa, com o consumidor a
preferir comprar os vinhos no supermercado.
Além da quebra das vendas de vinhos a nível nacional, outro fenómeno
que já se observa é ter o consumidor que antes comprava vinhos de gama
média e alta a escolher agora produtos mais baratos. Uma opção que,
ainda assim, não prejudica o consumidor, uma vez que a qualidade dos
vinhos é cada vez melhor, graças ao avanço das técnicas de enologia
que permitem obter "vinhos sem defeitos", salientou o diretor da
Revista de Vinhos.
Uma das saídas para a crise, defendeu o responsável, passa pela adoção
mais generalizada da venda de vinho a copo nos restaurantes, alargando
a oferta, que não pode restringir-se ao "vinho mais 'baratucho'".
O cliente "pode não conseguir comprar a garrafa toda, mas um copo
custa quase o mesmo que uma cerveja. É uma hipótese para que o consumo
não seja abolido nos restaurantes", sustentou, observando que já se
regista "uma evolução franca" nesta tendência.
Outro "balão de oxigénio" para o setor é a exportação, que, segundo
números do Ministério da Agricultura, consome cerca de 30% da produção
nacional.
Portugal tem "enorme margem de progresso" nesta área, sustentou o
especialista, admitindo contudo algumas dificuldades: os vinhos
portugueses têm uma quota inferior a 2% em dois mercados importantes -
inglês e alemão - e enfrentam forte concorrência dos produtores do
chamado "Novo Mundo": Chile, Argentina, África do Sul e Austrália, que
têm uma grande capacidade produtiva e com custos muito baixos.
Afirmando que os vinhos portugueses "têm uma qualidade que não
envergonha", João Geirinhas disse que o principal problema é a
dimensão do país, que não garante produção suficiente para abastecer
os mercados estrangeiros "de forma consistente".
Angola e Brasil apresentam-se como "uma tábua de salvação" para os
produtores nacionais, dada a "afinidade cultural" e por serem
"mercados muito jovens".
O grande desafio "é os produtores conseguirem uma forma de se
agruparem, através da criação de uma marca", um caminho que tem sido
trilhado com a marca "Wines of Portugal", lançada pelo anterior
Governo, admitiu.
Ao atual Governo, o setor "só pede que não dificulte". A manutenção da
taxa intermédia do IVA para os vinhos "não é uma má medida" e
reconhece "que o vinho é um produto estratégico" que pode impulsionar
a economia, referiu João Geirinhas.
A Revista de Vinhos volta a organizar, entre sexta e segunda-feira, o
"Encontro com o Vinho e Sabores", em Lisboa, que conta, na sua 12.ª
edição, com a participação de cerca de 380 produtores de vinhos,
queijos, presuntos, enchidos e azeites.
http://www.destak.pt/artigo/109456-saidas-para-crise-grave-sao-exportacao-e-vinho-a-copo

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