quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Família Passanha exporta azeites 'premium' para 20 países

NOVEMBRO: MÊS DA ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS

por Luís GodinhoHoje


Apareceram só há três anos, fruto da unificação de várias sociedades agrícolas dedicadas ao olival. Mas o reconhecimento já chegou.

Quando, em 2006, a família Passanha decidiu unificar diversas sociedades agrícolas dedicadas ao olival e investir num projecto próprio de produção e comercialização de azeite, alguém se lembrou das taifas, pequenos reinos independentes em que se dividiu o Califado de Córdoba durante o século XI, aquando da ocupação muçulmana do Al-Andaluz. Foi assim que na Quinta de São Vicente, onde pelo menos desde 1738 a família produz azeite, nasceu a Taifa, de olhos postos no mercado dos azeites premium e na exportação.

"Já vamos na quarta geração diferente de lagares. Nunca fomos muito de conservar as peças antigas, os nossos antepassados eram mais de ir procurar novas tecnologias, mas temos registos de produção desde meados do século XVIII", diz o responsável do projecto, João Filipe Passanha, que trocou a carreira de arquitectura e as actividades empresariais na Bélgica, onde vivia, pelo negócio da família.
O projecto, com capitais exclusivamente portugueses, significou um investimento de 17 milhões de euros, incluindo a construção de um novo lagar, com capacidade para transformar 150 toneladas de azeitona por dia, e a plantação de 600 hectares de olival intensivo. Em 2014, quando os olivais mais recentes entrarem em plena exploração, serão produzidas 1300 toneladas de azeite por ano - 60% destina-se à exportação.
"Reunimos características únicas que nos podem diferenciar no mercado, aliando a tradição [da casa agrícola] a um produto de excelência", assinala João Filipe Passanha, confessando que a empresa "começou logo a pensar no mercado" posicionando o produto num "segmento de alta qualidade".
Por isso, nenhum pormenor foi deixado ao acaso, tendo a garrafa sido concebida pelo britânico Michael Young, um dos grandes nomes do design europeu contemporâneo. "Investimos numa identificação clara da nossa garrafa. Como não podemos estar constantemente a explicar o projecto a toda a gente, por essa via comunicamos o essencial em poucos segundos."
Numa empresa que, apesar de recente, se orgulha de produzir "dos melhores azeites do mundo", os prémios começaram a surgir, tendo o azeite virgem Dom Diogo sido distinguido com uma medalha de ouro no concurso Mário Solinas, do Conselho Oleícola Internacional, um dos mais prestigiados do mundo.
O azeite produzido pela Taifas é exportado para cerca de 20 países. Em termos de valor, Inglaterra é o principal mercado, sendo que é também através de um importador inglês que a empresa está a dar os primeiros passos no golfo Pérsico.
"A equação correcta é a excelência dos produtos, a apresentação e a forma como se consegue aliar tradição e modernidade", diz o empresário, sublinhando que este trabalho de internacionalização está a produzir resultados apesar de apenas se ter iniciado há pouco mais de três anos e num contexto difícil.
Para João Filipe Passanha, a arquitectura pertence agora a um passado mais ou menos longínquo, e o olival e o Alentejo permitem-lhe "alimentar" outras paixões: o gosto pelos jardins e pela botânica. Da experiência adquirida na Bélgica vem o entusiasmo por "trabalhar em equipa e levar produtos ao mercado", o que em sectores como a agricultura constitui um desafio permanente. "Há lugar para todos, para os pequenos e para os grandes negócios, mas temos de conseguir chegar aos consumidores e diferenciar o nosso produto dos da concorrência", resume.
Por causa da futura auto-estrada A26 entre Sines e Beja, o empresário chegou a recear as "consequências negativas para o prestígio" internacional do azeite produzido pelos herdeiros Passanha. Mas o troço inicialmente projectado para o meio da Quinta de São Vicente foi alterado, salvaguardando o essencial da exploração.

http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2097378&page=-1

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