A venda de pinhas foi a alternativa encontrada pelo jornalista José
Guilherme Lorena quando se viu confrontado com o desemprego e, em
Viseu, tanto os produtores florestais como as associações de baldios
vêm o negócio com agrado.
Para Manuel Rodrigues, dirigente da Balflora, Secretariado dos Baldios
do Distrito de Viseu, esta ocupação agrada aos compartes(pessoas que
nas aldeias usufruem dos terrenos e matas comunitárias) porque permite
rentabilizar as terras e gerar riqueza.
Mas o dirigente da Balflora alerta que essa perspetiva "é boa desde
que as assembleias de compartes estejam a par da atividade" porque, em
alguns casos, "a recolha de pinhas já é comum entre estas populações"
e a autorização "é essencial" para não colidir com os interesses
existentes.
Também para a Cedrus, Associação de Produtores Florestais de Viseu, a
recolha de pinhas é bem vista porque, como explicou à Lusa João
Gonçalves, sócio e funcionário desta organização, "além de permitir
rentabilizar a floresta, há ainda a dimensão ecológica, e ao retirar
material combustível da floresta diminui o risco de incêndio".
"Não só vemos com bons olhos essa atividade, como os nossos estatutos
permitem ter como associados todos aqueles que o fazem", disse à Lusa
João Gonçalves, adiantando que, para já, só estão agregados à Cedrus
proprietários florestais.
Este elemento da associação de proprietários florestais de Viseu
sublinhou ainda que a existência de alguém que se dedica
profissionalmente e organizado à recolha de material da floresta é
mais uma prova de que a floresta "tem um forte potencial" e pode
emergir como "um campo a explorar economicamente em tempos de crise".
Isso mesmo foi o que fez o jornalista José Guilherme Lorena quando,
aos 48 anos, quase 30 nesta profissão, se deparou com a "má sensação"
que é estar sem emprego, mas foi por pouco tempo, porque rapidamente
se fez ao caminho que sempre gostou, ir à floresta "procurar a
solução".
E foi assim que criou a empresa "Zé da Pinha", depois de mais de duas
décadas a trabalhar para vários órgãos de informação. José Lorena
pousou a caneta e vestiu o fato de "Zé da Pinha" para abastecer o
mercado de pinhas.
Reorganizou legalmente a sua atividade profissional e, para já,
"embora ainda muito no início" do negócio que criou, "Zé da Pinha",
não se pode queixar, sendo já responsável pelas chamas que brotam em
muitas das lareiras e grelhadores em Viseu.
"Ninguém fazia isto em Viseu. Vi o potencial quando um amigo me disse
estar farto de acendalhas para acender a lareira, com maus cheiros e
pouco ecológicas. Foi nesse momento que olhei em volta e percebi que
pinhais e pinhas são coisa que não falta nesta região", contou à Lusa.
Depois foi encontrar um pequeno armazém, comprou uma moto-quatro, com
atrelado e pôs a empresa "Zé da Pinha" a percorrer os pinhais da
região em busca da "melhor pinha para lareira ou grelhador, ecológica
e sem os maus cheiros das acendalhas".
@Lusa
http://noticias.sapo.pt/infolocal/artigo/1198224
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