NOVEMBRO - MÊS DA ALIMENTAÇÃO
por Marina MarquesHoje
Pioneira na produção de vinho sem adição de sulfitos, a CARM é um projecto familiar que em 2009 viu o seu Douro Reserva 2007 ficar em 9.º lugar na 'Wine Spectator'
"Fazer o melhor vinho de Portugal e vendê-lo por metade do preço do segundo melhor". É este o objectivo que Celso Madeira, presidente da Casa Agrícola Roboredo Madeira (CARM), persegue, juntamente com os dois filhos, Rui e Filipe. As quatro quintas da família, com uma vista deslumbrante para o Douro Superior, em Almendra, a 20 quilómetros de Vila Nova de Foz Côa, são o ponto de partida para atingir essa meta, que tem o mercado externo no horizonte.
Apesar de a casa da família já estar na região desde o século XVI, a produção de azeite e vinho para o mercado só começou em 1999. "Esta ideia do nascimento da CARM começou em 1999/91, quando me reformei", explica Celso Madeira, engenheiro civil de profissão. "Foi nessa altura que decidi potenciar o património agrícola da família. Comecei por tratar das terras que já tínhamos, comprar outras e quando chegámos a uma massa crítica que nos permitia produzir, transformar e comercializar azeite e vinho decidimos criar a CARM", conta.
O objectivo que pretende alcançar visa "adaptar o preço dos vinhos à qualidade que têm", isto porque, considera, "há uma distorção dos preços, em alguns casos acho até que são exorbitantes". E conta com um trunfo de peso: "Temos a sorte de estarmos situados na zona mais apta para produzir bom vinho em Portugal."
Com a primeira colheita da CARM a chegar ao consumidor em 2000, o reconhecimento internacional não tardou. "Em 2010, a lista dos 100 melhores vinhos do mundo, elaborado pela revista Wine Spectator, colocou o nosso CARM Douro Reserva 2007 em 9.º lugar, com 94 pontos, um vinho que teve como enólogo o meu filho Rui Madeira", destaca Celso Madeira.
Em plena confluência de três ícones do património natural e histórico de Portugal e do Mundo - o Parque Arqueológico do Vale do Côa, o Parque Natural do Douro Internacional e a Região Demarcada dos Vinhos do Douro e do Porto -, os cerca de 110 hectares de vinhas da CARM "encontram-se plantados nas encostas viradas a norte e a nascente, poupando as uvas às temperaturas mais elevadas que por aqui se fazem sentir no Verão e que param a sua maturação", explica o enólogo António Ribeiro.
Por entre imponentes cilindros de inox (cubas), numa adega construída em 2004 e que de tão moderna apaga qualquer reminiscência de infância , encafuando as antigas prensas de madeira na gaveta das memórias, António Ribeiro explica todo o processo e revela uma das inovações da CARM: a produção de vinho sem adição de sulfitos.
Aqui, as uvas entram através de tubos que as depositam nas cubas de inox onde passam os primeiros meses. Com a temperatura e a humidade sempre controladas por computador, a mínima alteração ao padrão traçado como ideal é logo corrigida. E depois da apreensão dos primeiros dias de vindima, o optimismo acabou por vir ao de cima, e "2011 promete ser um bom ano", refere António Ribeiro. Logo acrescentando prudente: "Mas só depois do primeiro Inverno poderemos ter a certeza."
Mas se o futuro se apresenta promissor para a produção de vinho (50% do qual é exportado para os quatro continentes), o mesmo não se pode dizer do azeite. A pouca produtividade das terras do Douro (com uma produção inferior em pelo menos dez vezes à alcançada no Alentejo), poderá ditar o fim da exploração desta cultura. No entanto, Celso Madeira não deixa de destacar "a qualidade extrema do azeite" e o investimento feito num moderno lagar, em 1999, que nas duas primeiras fases do processo utiliza o moinho de pedras tradicional para moer a azeitona e batedeiras homogeneizadoras que são réplicas das usadas há 100 anos, recorrendo à tecnologia mais moderna para o restante processo.
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2157414&page=-1
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