terça-feira, 29 de novembro de 2011

Vitivinicultores em marcha lenta contra introdução de portagens na A24

2011-11-28 14:06

Vitivinicultores do Douro juntam-se numa marcha lenta, na quarta-feira, na Autoestrada 24 (A24, entre a Régua e Lamego), para reivindicar melhores preços de venda do vinho, mais benefício e dizer "não" à introdução de portagens nesta via.

Pela terceira vez em quatro meses, a Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDOURO) vai juntar pequenos e médios produtores da mais antiga região demarcada do mundo para alertar para os "graves problemas" que os afetam e que se intensificaram nesta vindima com a redução do benefício em 25 mil pipas de vinho.

Em 10 anos, o benefício (quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto) foi reduzido em 45 por cento, de 145 mil pipas em 2001 para as 85 mil em 2011. Nesta década, o vinho do Porto perdeu 12 milhões de garrafas, correspondendo a uma perda de valor de 37 milhões de euros.


De acordo com Berta Santos, dirigente da AVIDOURO, os vitivinicultores do Douro perderam 60 por cento do seu rendimento nos últimos 15 anos.

A agravar a situação está também a quebra "acentuada" dos preços praticados: em 2001, o preço médio pago à produção foi de 1.106 euros e em 2010 rondou, segundo a responsável, os 800 euros.

Os automóveis, carrinhas ou motas que participarem na marcha lenta vão atravessar a cidade da Régua, em dia de feira semanal, seguindo depois pela A24 até Lamego.

Berta Santos referiu que o objetivo é também dizer "não" à introdução de portagens nesta autoestrada, que liga Viseu a Chaves.

O diploma que estabelece o pagamento de portagens nas concessões SCUT do Algarve, da Beira Interior, no Interior Norte e na Beira Litoral a partir de 08 de dezembro foi hoje publicado em Diário da República.

"Isto vem agravar ainda mais a situação já muito preocupante dos nossos vitivinicultores, que já vivem com rendimentos muito baixos", salientou.

A responsável referiu que o protesto visa reivindicar ainda mais poderes e o saneamento financeiro "justo" da Casa do Douro, a devolução dos oito milhões de euros retirados ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e a criação de linhas de crédito bonificado, a longo prazo, para desendividamento e para investimento dos agricultores e do sector cooperativo.

Nas últimas décadas, as cooperativas acumularam um passivo de 270 milhões de euros e a Casa do Douro vive asfixiada com uma dívida de 110 milhões de euros.

Os vitivinicultores exigem também a manutenção dos direitos de plantação da vinha para além de 2015 e serviços públicos acessíveis e de qualidade na região.


GP. / com Lusa.

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