domingo, 27 de novembro de 2011

CARTAXO - Museu Rural e do Vinho comemorou 26ª aniversário

O Museu Rural e do Vinho do Concelho do Cartaxo assinalou o seu 26.º
aniversário com a realização de dois eventos que motivaram, por um
lado, uma reflexão sobre as potencialidades do sector do vinho e a sua
associação à gastronomia, e por outro uma abordagem à riqueza natural
e paisagística da região. No dia 22 de Novembro, o Auditório Municipal
da Quinta das Pratas acolheu uma mesa-redonda sobre "O Vinho na
Gastronomia", que contou com a presença de três técnicas do Instituto
Piaget, e no dia seguinte foi inaugurada uma exposição de fotografia
de Carlos Inácio e Pedro Inácio, que tem como título "O Silêncio das
Cegonhas", seguida do lançamento de um livro sobre o mesmo tema e da
autoria destes dois irmãos.

No dia da abertura das comemorações do 26.º aniversário, o director
executivo do Museu, Vítor Varela, focou a importância do sector do
vinho no panorama de crise económico-financeira que se atravessa,
afirmando que "o vinho está a ser um dos produtos com mais peso nas
exportações", constantando que "muita gente não se apercebe que, neste
momento difícil, existe um produto em Portugal que se está a afirmar e
a levar o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo". Este "grande
valor acrescentado" dá também projecção ao concelho, "que há muito
tempo tem fama de ter muito vinho, mas que presentemente conseguiu
elevar a qualidade deste produto ao mais alto nível", acrescentou
Vítor Varela. O Museu Rural e do Vinho, enquanto "ex-libris do
concelho", há 26 anos que desenvolve uma actividade de preservação e
divulgação, não só das tradições ligadas ao vinho, como igualmente dos
hábitos e costumes da região do Ribatejo, sem esquecer o seu papel
dinamizador e de aproximação da cultura à comunidade, sobretudo dos
mais jovens - objectivo conseguido também através do Projecto
Educativo.
"O Vinho na Gastronomia" em debate
Três técnicas do Núcleo de Investigação em Engenharia Alimentar e
Biotecnologia do Instituto Piaget associaram-se às comemorações do
Museu, trazendo ao Cartaxo uma abordagem a diferentes temáticas
ligadas ao vinho. Natália Osório começou por fazer uma breve
caracterização da videira, passou pela descrição da composição química
da uva, terminando a sua apresentação com os métodos e processos
associados à produção do vinho. Ainda que sejam variáveis consoante as
instalações e equipamentos utilizados e o tipo de vinho, o processo de
vinificação contempla operações fulcrais, e foi nelas que Natália
Osório se debruçou - colheita e transporte de uvas, recepção e
colheita da amostra, esmagamento e desengace, esgotamento e sangria,
prensagem, preparação para fermentação, encubação, fermentação,
conservação, estágio e engarrafamento. Como mensagem principal,
Natália Osório sublinhou que "uma matéria-prima de qualidade gera um
produto de qualidade , se todo o processo for feito de forma cuidada e
controlada". "O vinho e a saúde" foi o mote da apresentação de
Crisitiana Nunes, que se centrou nos benefícios que o consumo moderado
de vinho proporciona, sobretudo ao nível da prevenção de várias
doenças. Na antiguidade o vinho estava ligado à medicina, a partir do
século XIX a visão do consumo de vinho enquanto medicamento começou a
mudar, fruto também dos vários estudos que se foram desenvolvendo, e
que passaram a identificar alguns malefícios. "Entretanto, os anos 70
trouxeram novos conceitos. Vários estudos demostraram uma relação
directa entre o consumo de vinho e a prevenção de doenças coronárias,
e a comunidade médica começou a associar o vinho a algum efeito
benéfico, em quantidades moderadas", referiu Crisitana Nunes. Esses
benefícios estão associados essencialmente aos antioxidantes,
designadamente os polifenóis, que "têm propriedades excelentes para
prevenção de várias doenças", entre as quais o colestrol, doenças do
cérebro, doenças respiratórias e digestivas, diabetes, anemia,
problemas de visão e cancro. Contudo, "a palavra de ordem é cautela,
porque as bebidas alcoólicas em excesso estão relacionadas com muitas
doenças", reforçou Cristiana Nunes, que acrescentou outra regra à
mesa: "ao lado de um copo de vinho ter sempre um copo de água, para
serem bebidos alternadamente, porque o teor alcoólico do vinho provoca
a perda de equilíbrio de líquidos no organismo". Anabela Raymundo
associou o vinho à área da inovação e de desenvolvimento de novos
produtos. "Gerar inovação é concretizar ideias novas na produção de
algo que é novo ou de algo que tem de constituir uma mais-valia para a
empresa e para o sector", começou por frisar, acrescentando que essa
atitude "traduz-se em vantagem competitiva". "Inovar já não é uma
opção, é um imperativo", defendeu, porque "não é possível um país
progredir se a inovação não for algo bem vivido, ela tem que ser a
força matriz para o desenvolvimento e um meio de afirmação no mercado
nacional e internacional", justificou. Para Anabela Raymundo, são
muitas as potencialidades do sector do vinho, "que tem de ser visto
numa visão integrada de fileira", explorando os produtos à base de
vinho, a valorização dos sub-produtos, os novos vinhos e o enoturismo.
Como exemplos, Anabela Raymundo fez referência à integração do vinho
na lista de ingredientes de muitos novos chefs de cozinha, aos
suplementos alimentares e cosméticos criados a partir de compostos da
uva, aos novos vinhos criados com baixo teor alcoólico e ao
enoturismo. "Inovar é preciso, assim como promover a proximidade entre
os produtores, indústrias e unidades do sistema científico e
tecnológico nacional, para o desenvolvimento de projectos em
parceria", acrescentou.
2011-11-26 10:37:32
http://www.radiohertz.pt/?pagina=noticias&id=7475

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