quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Clima adverso afecta culturas agrícolas e gera quebras de produção


JOSÉ MANUEL ROCHA 19/11/2014 - 12:43
Vinho, castanha e olival com colheitas que ficam abaixo do que tinha sido registado no ano anterior.

 
A castanha teve quebra de 35% na produção
 
 Produção de vinho em Portugal cai 5,7% este ano devido ao mau tempo e doenças no campo
O ano agrícola que está a terminar vai ficar marcado por quebras significativas na produção de algumas das principais culturas em Portugal. Kiwi, olival, castanha, tomate e vinho são exemplos de colheitas que foram muito afectadas pelas condições climatéricas e pelas doenças que atacaram as plantações.

As previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgadas esta quarta-feira e com reporte a informação relativa a 31 de Outubro passado, mostram, por exemplo, que a produção vinícola deverá ficar 10% abaixo do que fora conseguido em 2013, muito por causa das chuvas "que afectaram a qualidade dos mostos".

Em Agosto, uma previsão do Instituto da Vinha e do Vinho alertava já para um nível de quedas significativo, com algumas das regiões demarcadas a caírem até 20% face à campanha do ano anterior.

Outro exemplo de uma má campanha vem da cultura do kiwi, que deverá registar quebras de produção de 15%, "com problemas fitossanitários e fisiológicos", assinala o INE.

Na área do tomate para a indústria, a colheita decorreu sem problemas até à primeira semana de Setembro, mas a partir daí o quadro climatérico alterou-se, impedindo o acesso das máquinas aos campos. Estes problemas fizeram com que ficasse por colher cerca de 10% da produção, que, mesmo assim, deverá ter aumentado 20%, mas devido a um crescimento  da área de cultivo que implicou investimento que ficou sem retorno.

As perspectivas são também más para a produção oleícola. Segundo o INE, a floração decorreu sem problemas, mas depois surgiram ataques da mosca da azeitona e a doença da gafa que acabaram por afectar a produtividade do sector – que deverá ter caído cerca de 15% face ao ano anterior.

Para os produtores de castanha, o ano será também para esquecer. O Verão atípico que se fez sentir em Trás-os-Montes abriu caminho a doenças que afectaram a maturação do fruto. O INE aponta para uma quebra de 35% na produção, para um valor próximo das 16 mil, toneladas – o que constitui o pior registo das últimas duas décadas.

Na área dos frutos de maior consumo em Portugal, a pera e a maçã, as situações são distintas. Apesar de aparecimento de doenças, a produção de pera deverá ter crescido 5% face à campanha de 2013. Já na maçã, verifica-se um recuo de cerca de 5%, mas a comparação é feita com um ano, 2013, em que se apurou a melhor colheita da última década.

O INE revela, ainda, que a produção de milho deverá ser semelhante à do ano anterior (909 mil toneladas), mas o sector teve custos acrescidos este ano com a colheita (nomeadamente, o recurso intenso a secadores devido às chuvas) e será também afectado pela queda do preço verificada nos mercados internacionais (-17% em Outubro face ao mesmo mês do ano passado).

No arroz, assinala o instituto, a produtividade caiu devido às fortes chuvadas de Setembro, estimando-se que a colheita fique pelas 162 mil toneladas este ano, um recuo de 10% face a 2013.

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