sábado, 22 de novembro de 2014

Há uma praga de javalis na Arrábida. Caçadores oferecem-se para abatê-los


por Roberto DoresHojeComentar

Há uma praga de javalis na Arrábida. Caçadores oferecem-se para abatê-los


Animais descem a zonas habitadas em busca de comida nos caixotes do lixo. Há perigo para moradores e ainda para a fauna e flora.
Encontrar javalis à procura de comida junto a um contentor do lixo ou debaixo da mesa da esplanada de um qualquer restaurante passou a ser um cenário recorrente em plena serra da Arrábida. A proliferação de suínos disparou, sobretudo, nos últimos dois anos e estará hoje fora de controlo. Os caçadores querem evitar as atividades furtivas - que existem e assustam os moradores - e propõem montarias organizadas para acabar com a praga. Mas a resposta foi negativa.

Vídeo do YouTube em que se apana um javali em Setúbal
Os animais chegam a descer a serra para entrar na cidade de Setúbal ou na vila de Azeitão à procura de água e alimento. Os moradores estão preocupados, receando ataques, mas também a fauna e flora se encontram ameaçadas. Sem predador, a dimensão do problema levou a Federação Nacional de Caça (Fencaça) a pedir ao Parque Natural da Arrábida (PNA) que permita a realização de montarias na serra para abate de alguns animais.
Mas a resposta foi negativa, apesar de o PNA reconhecer que o perigo espreita na serra e até deixar um aviso a quem visita o Portinho.
"Não há outra maneira de controlar esta praga", garante ao DN o presidente da Fencaça, Jacinto Amaro, recordando que os responsáveis do Parque Natural da Arrábida (PNA) "até já assumiram a necessidade de a praga ser controlada, porque é preocupante". Mas "depois proíbem ou limitam a caça ao javali a um número restrito de montarias e a um redu-zido número de caçadores e de cães", lamenta o mesmo dirigente, recordando que no sopé da Arrábida existem várias zonas de caça, "mas todas elas têm fortes restrições".
Ainda segundo Jacinto Amaro, há quem esteja a dedicar-se à caça furtiva do javali, havendo vários relatos dos moradores que frequentemente ouvem tiros na serra. "É um novo fenómeno, que pode correr muito mal, porque alguém pode ser atingido, mesmo dentro do próprio quintal", sublinha.
Contactado pelo DN, o PNA remeteu comentários para o Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF) - que integra aquele organismo -, não tendo respondido em tempo útil, embora na porta do Forte de Santa Maria da Arrábida, que pertence ao PNA, esteja afixado um aviso que alerta para frequentes aparecimentos de javalis na zona.
São agressivos e atacam
O documento afixado pela PNA aconselha as pessoas a não alimentarem os animais, nem a colocarem comida à vista, alertando também para o perigo de uma maior aproximação aos suínos. "Lembre-se que estes animais são selvagens e quando ameaçados ou mesmo próximo de pessoas podem tornar-se agressivos e atacar", sublinha o ICNF.
Ninguém sabe explicar ao certo como apareceram os primeiros javalis na Arrábida, há cerca de cinco anos, onde já não davam sinais de vida há décadas. Afirma-se que alguém terá trazido alguns exemplares para ali que logo se reproduziram.
Estes animais não têm predador natural, podendo as fêmeas ter duas ninhadas de quatro a cinco crias a cada três anos, o que explica o boom.

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