por António Mendes Nunes, Publicado em 19 de Setembro de 2011 |
Actualizado há 2 horas
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Mesmo os que não gostam de vinho, os que nunca vieram ao Douro
conhecem o nome de D. Antónia Adelaide Ferreira, uma das
personalidades mais fortes do séc. XIX. Nascida em 1811, cumpre-se
este ano o seu segundo centenário. A Sogrape, actual proprietária da
casa Ferreirinha, nome que respeitosamente as gentes do Douro lhe
deram, resolveu assinalar a data com o lançamento de um vinho especial
que adiante referiremos e com uma prova de vinhos centenários para o
que convidaram uns poucos de amigos e jornalistas de vários órgãos de
comunicação social, entre os quais o i.
D. Adelaide Ferreira cresceu num Portugal em convulsão, com as
invasões francesas, a fuga da família real, a guerra civil e as
grandes pragas de filoxera que rebentaram com toda a agricultura do
Douro. Casada muito jovem com um primo, ficou sem pai cedo e aos 33
anos já estava viúva, tendo de assumir a responsabilidade do legado
agrícola. Numa época em que as mulheres ficavam em casa a tratar dos
filhos, D. Antónia não só continuou a obra dos seus antepassados como
a desenvolveu, transformando a sua casa numa das maiores de Portugal.
A par de um fabuloso património, a Ferreirinha deixou aos vindouros
uma garrafeira de valor incalculável com as suas mais consagradas
colheitas de vinho do Porto, desde logo a de 1815 (a mais antiga
existente nas caves), que tivemos o privilégio de provar, a par de
muitas outras colheitas de eleição, também provadas na sexta-feira
passada, como as de 1830, 1834, 1840, 1847 e 1851. Sobre elas
escreveremos na próxima semana.
A Sograpre, proprietária do legado de D. Antónia desde 1987, preservou
integralmente a sua memória, resolvendo comemorar este duplo
centenário com um vinho muito especial, o AAF - Antónia Adelaide
Ferreira Douro DOC 2008. O enólogo chefe da Sogrape Vinhos para a
Região do Douro, Luís Sottomayor, o autor desta verdadeira obra de
arte, recorreu às melhores uvas da vindima de 2008 de várias quintas
do legado de D. Antónia (Leda, Boavista, Seixo, Caêdo e Sairrão), com
uma escolha cacho a cacho para vinificar algumas barricas separadas
por castas que depois estagiou em carvalho francês durante dois anos.
Dos melhores cascos foram escolhidos 2 700 litros que foram
engarrafados, seguindo-se um estágio em garrafa durante alguns meses.
É este o vinho de homenagem. "Tentámos enriquecer as comemorações dos
200 anos do nascimento de D. Antónia com o lançamento de um vinho
tinto do Douro de qualidade superior, uma especialidade da Casa
Ferreirinha que, como sempre, se diferenciasse das marcas topo de gama
já existentes no nosso portefólio", explica Salvador Guedes,
presidente do Conselho de Administração da Sogrape Vinhos.
http://www.ionline.pt/conteudo/150275-d-antonia-adelaide-ferreira-200-anos-do-icone-do-douro
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