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20 de Setembro, 2011por Frederico Pinheiro
Tem capital para investir, pode criar milhares de postos de trabalho e
dinamizar as exportações nacionais. Mas não tem condições para isso.
Quem o diz é o presidente-executivo do grupo Portucel Soporcel, José
Honório.
A maior papeleira portuguesa, responsável por 3% das exportações
nacionais, precisa de mais matéria-prima – eucaliptos –, mas não
consegue avançar com os investimentos de que necessita. De acordo com
o CEO, a Portucel regista actualmente um défice de 200 milhões de
euros na importação de eucaliptos.
«Claro que gostaríamos de investir em Portugal. Temos vários projectos
para o aumento de capacidade na gaveta, porque não temos
matéria-prima», disse, quando questionado pelo SOL, durante uma
conferência de imprensa, esta semana, em Lisboa. «Temos aqui um sector
que podia criar milhares de postos de trabalho».
Segundo o responsável da empresa detida pela Semapa, de Pedro_Queiroz
Pereira, Portugal tem cerca de dois milhões de hectares de terra
cultivável abandonados, devido à excessiva repartição do território.
Alterar a legislação e incentivar os proprietários a juntarem-se para
rentabilizar estas terras são duas soluções sugeridas pela Portucel,
que «não custam dinheiro e dariam emprego».
Além da criação de emprego, os investimentos da Portucel poderiam
ajudar o país a equilibrar a sua balança comercial. A fileira
florestal representou, no primeiro semestre, 9,9% das exportações
nacionais, cerca de dois mil milhões de euros, segundo dados no INE.
Apenas os sectores da maquinaria e automóvel estão à frente do sector
da madeira.
«No entanto, 70% do valor das nossas exportações ficam em Portugal,
enquanto no sector automóvel apenas 30% fica aqui», disse o CEO da
Portucel. O economista João Ferreira do Amaral apoiou esta posição,
dizendo que «precisamos de exportar, mas com alto valor acrescentado».
Enquanto as condições não aparecem em Portugal, o grupo irá continuar
com o investimento de cerca de 2,3 mil milhões de dólares (1,6 mil
milhões de euros) em Moçambique, onde irá gerir perto de 173 mil
hectares de floresta, «mas temos a expectativa de chegar aos 220 mil»,
disse o administrador Manuel Regalado.
A fase de testes durará até 2013-2014 e a partir daí iniciam-se os
investimentos pesados: floresta e fábricas.
frederico.pinheiro@sol.pt
http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=28948
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