AGRICULTURA
02 | 06 | 2011 12.46H
As chuvas persistentes das últimas semanas estão a provocar elevados
prejuízos nos campos agrícolas, sobretudo dos hortofrutícolas,
registando o tomate quebras da ordem dos 18 a 20 milhões de euros,
disse hoje à agência Lusa fonte do sector.
Destak/Lusa | destak@destak.pt
Gonçalo Escudeiro, director executivo da Torriba, Organização de
Produtores de Hortícolas e dirigente da Federação Nacional das
Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP), afirmou que
o setor não consegue gerar este lucro, tendo em conta as condições
atuais do mercado, que regista "preços muito baixos".
Sublinhando que o tomate, que exporta 95 por cento da produção, "é
absolutamente estratégico para o país", Gonçalo Escudeiro lamenta a
ausência de medidas que permitam ao setor reorganizar-se e readquirir
capacidade produtiva.
Como exemplos apontou a questão dos seguros, onde, no seu entender, já
deveria estar garantida a cobertura das chuvas persistentes para este
setor e o alargamento até 15 de Outubro, mas impedindo a subida dos
prémios por parte das seguradoras para valores que são insustentáveis
para os produtores.
Segundo disse, na campanha de 2010 conseguiu o alargamento até 15 de
Outubro, mas foi surpreendido com um aumento do prémio do seguro de
colheita em 300 por cento.
"O Estado é o grande cliente em matéria de seguros de colheitas. Tem
que negociar, mas para isso é preciso ser bom pagador e ter um
negociador que conheça bem o setor", disse.
Gonçalo Escudeiro queixou-se ainda do facto de as seguradoras não
segurarem as colheitas de acordo com o histórico da produção,
calculando o pagamento dos prejuízos por produções por hectare muitas
vezes 30 por cento inferiores ao real e de não cobrirem situações,
como viroses, que os outros produtores europeus têm asseguradas.
"Estamos completamente desprotegidos", afirmou.
Por outro lado, os solos alagados têm impedido que muitos agricultores
instalem as culturas em muitas das parcelas que tinham inscrito para
efeitos das ajudas que ainda existem para o sector.
O prazo de inscrição das parcelas terminou a 31 de Maio, o que impede
os produtores de receberem as ajudas caso decidam cultivar noutro
terreno ou cultivar as plantas de outro agricultor que não tenha
consigo fazer a instalação, disse.
As chuvadas das últimas semanas estão afetar também outros setores,
como o dos cereais, que este ano tinha grandes expetativas devido à
subida dos preços nos mercados mundiais.
"Quando tudo indicava que íamos ter uma primavera normal, com muitas
expetativas já que os preços estão muito convidativos, instalámos as
culturas e muitas estão destruídas", disse à Lusa João Coimbra,
produtor de milho e dirigente da Confederação dos Agricultores de
Portugal (CAP).
Também no seu entender o setor dos seguros, que, frisou, tem uma
grande componente de apoio público, deveria seguir o que se faz
noutros países europeus, como a Espanha, onde é "bastante efectivo",
permitindo que, em anos de problemas climatéricos, parte das colheitas
sejam recuperadas por essa via.
http://www.destak.pt/artigo/97216-agricultores-queixam-se-de-que-chuvas-tardias-estao-a-provocar-prejuizos-de-milhoes
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