quarta-feira, 1 de junho de 2011

Produtores hortícolas acreditam em problemas de armazenamento

Ontem
Os produtores de frutas e hortícolas portugueses duvidam que os casos
mortais de contaminação por uma bactéria registados na Alemanha
estejam relacionados com a produção de pepino, levantando a hipótese
de problemas no armazenamento dos produtos.
Para Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional das
Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP), dificilmente
os pepinos transmitem a bactéria Escherichia coli.

"Custa-me a aceitar que este tipo de bactéria seja transmitida pelos
pepinos. Estes agentes patogénicos não atacam os vegetais. Não é um
produto transformado, é uma verdura que é colhida. Se houvesse algum
problema seria por contaminações cruzadas. Por exemplo, através de um
armazém, havendo uma contaminação superficial", refere, em declarações
à agência Lusa.
Reiterando ter "sérias dúvidas" que o problema seja provocado pelos
pepinos, o responsável também vê com dificuldade que possa ter havido
contaminação através do transporte.
"Dificilmente terá sido o transporte, que é normalmente refrigerado.
[Os legumes] podem não ter estado nas condições de armazenamento
adequadas", afirma.
O presidente da FNOP sublinha que não devem ser criadas situações de
alarme sem antes se identificarem as causas, recordando que o vector
de transmissão da bactéria ainda não foi detectado.
Aos consumidores, Domingos dos Santos assegura que o mercado horto
frutícola em Portugal "tem um nível de segurança muito elevado", mas
aconselha sempre higiene: "Devemos lavar sempre fruta e legumes".
Até ao momento, a FNOP não tem dados que indiquem eventuais quebras de
consumo de pepino, legume em que Portugal é auto-suficiente.
Contudo, para o presidente da federação, este argumento pode "iludir o
consumidor": "num mercado livre podemos sempre importar ou exportar".
A bactéria Escherichia coli está geralmente presente nos intestinos dos animais.
Segundo o especialista em saúde pública Mário Durval, a estirpe em
causa da bactéria produz toxinas que podem levar ao rebentamento dos
glóbulos vermelhos, deixando de haver coagulação do sangue eficaz e
fazendo-o sair pelos rins, bloqueando-os, explicou. O período de
incubação da doença pode ir dos três aos oito dias.
O perito alerta que não há possibilidade de contágio directo, como
numa gripe ou síndrome respiratório, em que há riscos de infeçcão
pessoa a pessoa.
"Tem de haver consumo ou contacto com fezes", especifica.
Centenas de pessoas foram contaminadas, registando-se na Alemanha um
total de 1.200 casos, entre suspeitos e confirmados. Há pelo menos 14
mortos.
A Alemanha afirmou quando a crise surgiu que os pepinos que terão
causado a infecção terão tido origem em Espanha o que levou países
como a Áustria, a Bélgica e a Rússia a fechar a porta a vários
produtos espanhóis.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1866065&page=-1

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